Vinte e oito anos depois do feito de Anthony Nesty na natação masculina, Simone Manuel tornou-se a primeira negra campeã olímpica na natação. A norte-americana terminou os 100 m livre empatada na primeira posição com a canadense Penny Oleksiak. As duas cravaram 52s70, novo recorde olímpico.
É antiga a tese de que atletas negros não teriam o biótipo adequado para se tornarem vencedores na natação, ao contrário de outros esportes em que dominam, como atletismo e basquete. A prova disso seria a escassez de conquistas nas piscinas.
O primeiro negro a ganhar o ouro olímpico foi o surinamês Anthony Nesty. Em Seul 1988, ele derrotou o favorito Matt Biondi ao conquistar o ouro nos 100 m borboleta. Nesta quinta-feira (dia 11), foi a vez de o tabu ser quebrado na versão feminina.
“Significa muito para mim [a vitória]. Essa medalha não é apenas minha. É de todos os afro-americanos que vieram antes de mim e serviram de inspiração”, afirmou Simone após a conquista.
Texana, a atleta descobriu a natação aos cinco anos, seguindo a prática esportiva que já era desenvolvida pelos dois irmãos mais velhos. A idade precoce serviu para desenvolver as habilidades do atleta. Aí talvez esteja uma explicação mais razoável para a ainda raridade dos negros na natação: a dificuldade de acesso às piscinas.
Em alto nível, Simone começou a despontar também precocemente, aos 17 anos, no Mundial de Esportes Aquáticos de Barcelona, em 2013, quando integrou o revezamento dos Estados Unidos, campeão do 4 x 100 m livre. Nunca, porém, havia vencido disputas individuais em competições maiores (Olimpíadas e Mundiais).
“Espero agora que eu possa ser uma inspiração para outros [atletas negros] que virão depois de mim. Que eles possam entrar no esporte e encontrem apoio e direção para chegar a seus objetivos”, destacou a campeã.