Marco Polo Del Nero já se preparava para ser reeleito presidente da CBF, em eleição que deveria acontecer em abril de 2018. O dirigente trabalhava nos bastidores e, em março, chegou a mudar o peso das federações, em detrimento dos clubes, para ter ainda mais força nos votos. Na sexta-feira (15), o futuro da entidade que comanda o futebol brasileiro ficou em aberto com o afastamento do cartola.
Após seu nome ser diversas vezes citado no julgamento que ocorre nos Estados Unidos, que apura o pagamento de propinas para a venda de direitos de televisão, a Fifa resolveu afastar Del Nero da presidência da CBF por 90 dias, com possibilidade de extensão por mais 45 dias.
Neste período, Del Nero estará afastado de qualquer atividade relacionada ao futebol. Coronel Nunes, que já havia assumido o posto em 2015, volta a estar no cargo mais alto da confederação brasileira. Ele é o vice-presidente mais velho, regra para a sucessão em casos de afastamentos ou renúncias.
Desde a prisão de José Maria Marín nos Estados Unidos, Marco Polo Del Nero tem se recusado a sair do país, mesmo em eventos oficiais da CBF, como em torneios como a Copa América. O dirigente também tem evitado maior contato com a imprensa, até mesmo em apresentações de patrocínios no Brasil.
A decisão da Fifa ocorreu no dia seguinte às declarações de Charles Stillman, advogado de José Maria Marín: “Marco Polo Del Nero era quem mandava no show no futebol brasileiro”. A participação maior do presidente da CBF nos esquemas de venda de direitos de transmissão já havia sido citada por Alejandro Burzaco, argentino que comandava a agência Torneos y Competencias.
Essa é a segunda vez que Del Nero é afastado após acusações nos escândalos que abalaram a Fifa em 2015. Na primeira ve, em 2015, o dirigente voltou ao comando da CBF, onde permaneceu até a última semana. Agora, caso retorne, conviverá com as acusações a poucos meses da eleição da entidade.
A reeleição de Del Nero era dada como certa nos bastidores, mas seu afastamento deve mudar o cenário. Seu mandato se encerra apenas em abril de 2019, e a realização das eleições no início de 2018 era apenas uma manobra para o dirigente não ficar vulnerável a uma possível má atuação da seleção brasileira na Rússia.
Segundo a “Folha de S.Paulo”, Reinaldo Bastos, presidente da federação paulista, Ednaldo Rodrigues, presidente da federação baiana, e o próprio Coronel Nunes deverão concorrer à presidência da CBF. Caso Del Nero não concorra, a situação deverá ser representada por Rogério Caboclo, atual diretor executivo de gestão da entidade.