A primeira medida que a Record tomou, na semana passada, para mostrar a seriedade da proposta que ela havia feito a Corinthians e Flamengo pelos direitos de transmissão dessas equipes em rede aberta para o Campeonato Brasileiro, foi registrar a oferta em cartório. Nesta semana, o canal fez outra aposta e apresentou o projeto aos conselhos das duas equipes. A intenção é criar pressão interna em torno da negociação com TVs.
A avaliação da Record é que a oferta feita a Corinthians e Flamengo (R$ 100 milhões apenas pelos direitos de TV aberta e internacional) é inatingível para outras emissoras. Portanto, as diretorias dessas equipes precisarão explicar internamente caso fechem com a Globo por um valor menor.
Na última segunda-feira, o documento que a Record registrou em cartório foi entregue a Antonio Roque Citadini, presidente do conselho de orientação fiscal do Corinthians, e Leonardo Ribeiro, presidente do conselho fiscal do Flamengo.
A lógica da Record é: Corinthians e Flamengo ainda não assinaram com a Globo, e agora têm uma proposta maior em mãos. Portanto, os dois times não terão argumentos para fechar com a emissora carioca por menos do que os paulistas oferecem.
Em conversa com Alexandre Raposo, presidente da Record, Andres Sanchez, presidente do Corinthians, havia dito que o clube tinha uma expectativa de receber uma oferta entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões da Globo por TV aberta. Esse valor foi responsável por balizar o projeto do canal paulista.
“Nós pensamos em fazer uma oferta irrecusável. O Jardim Bot”nico [Globo] não deve chegar a esse valor. Por isso, registramos em cartório, mandamos para a imprensa e para os conselhos. Queremos fazer tudo às claras. Os dirigentes, se fecharem por menos, é que terão de se explicar”, disse Walter Zagari, vice-presidente comercial da Record.
Entre os clubes, a estratégia da Record é vista como um jogo político. Primeiramente porque o canal pretende fazer com que a Globo desembolse um valor maior por algo que já faz parte de seu portfólio. Além disso, trata-se de uma ação para minar a relação próxima que a emissora carioca tem com os dois clubes de maior torcida do país.
No Corinthians, por exemplo, todo o procedimento realizado pela Record é encarado pela diretoria como uma tentativa de enfraquecer a diretoria do clube. A despeito de o contrato com a Globo ainda não ter sido assinado, a negociação está em estágio adiantado. E Andres Sanchez, presidente da equipe alvinegra, é aliado político de Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esporte.
Corinthians e Flamengo são os dois clubes que despertam mais interesse da Record. A emissora enviou proposta pública a ambos, e não cogita levar adiante o projeto de exibir o Campeonato Brasileiro se não conseguir fechar com os dois.