O restabelecimento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba, após 53 anos, já atiça uma expectativa de negócios da MLB, a liga norte-americana de beisebol. Apenas duas horas depois do anúncio feito pelo presidente do país, Barack Obama, a MLB soltou um comunicado dirigido às 30 franquias da liga dizendo que seguirá com a máxima atenção os acontecimentos para ver como isso afetará as relações com a ilha de Fidel Castro.
A MLB recordou que o embargo econômico continua vigente e, com o novo Congresso do país, de maioria republicana, que assume em janeiro, dificilmente isso será alterado em curto período. O sindicato dos atletas também emitiu nota oficial. “Temos esperança de que o anúncio de hoje [quarta-feira passada] terá efeitos muito positivos”, afirmou a Associação dos Jogadores da Major League Baseball.
Várias reformas podem acontecer em função das retomadas de conversas entre o Departamento de Estado dos EUA e o governo de Raúl Castro. Em primeiro lugar, os jogadores cubanos poderão ser contratados pelos clubes dos EUA de forma mais fácil. Hoje, os grandes astros cubanos que militam na MLB tiveram que percorrer um caminho difícil até chegar à liga norte-americana. Normalmente, os atletas fugiam da ilha e desembarcavam no México, onde eram transportados como ilegais, muitas vezes com o auxílio de perigosos narcotraficantes. Os EUA não permitiam que um cubano chegasse diretamente de seu país e conseguisse um contrato nas grandes ligas.
Com a mudança, a MLB poderia contratar os atletas diretamente de Cuba, como já fazem as ligas de Coreia do Sul e Japão. Para isso, bastaria o pagamento de uma taxa ao governo cubano, dono da liga local. Atualmente, o governo cubano permite a alguns jogadores que atuem no exterior, desde que paguem pesados impostos a Havana quando regressam ao país para a disputa da liga de inverno.
Para Cuba, a vantagem é que se poderia permitir que os jogadores da ilha que atuam nos EUA pudessem fazer parte da seleção nacional, o que reforçaria sobremaneira o time com a presença de astros como Yasiel Puig (Los Angeles Dodgers), Yoenis Céspedes e Rusney Castillo (Boston Red Sox), José Abreu (Chicago White Sox), Yasmany Tomas (Arizona Diamondbacks) e Aroldis Chapman (Cincinnati Reds), entre outros.
Também abre a possibilidade de que esses jogadores disputem a liga de inverno cubana, algo já permitido para venezuelanos e dominicanos, por exemplo. Apesar disso, são poucos os clubes que aceitam liberar os atletas por causa do risco de lesões.
Outra possibilidade histórica, já aventada nos bastidores da MLB, seria se jogar partidas oficiais ou de exibição da MLB em Cuba, como já ocorre na China e na Austrália. Em 1999, o Baltimore Orioles jogou uma partida de exibição contra a seleção cubana na ilha, que foi acompanhada por Fidel Castro.
Algumas franquias também estariam de olho em montar escolinhas para a descoberta de talentos da ilha de Fidel, como já ocorre na República Dominicana. Entre os projetos mais ousados ouvidos nos últimos dias está a mudança do Tampa Bay Rays para Havana. O estádio nos jogos em St. Petersburg (Flórida) permanece às moscas, o que poderia mudar em solo cubano. A última franquia de beisebol a funcionar na ilha foi o Havana Sugar Kings, que disputou ligas menores entre 1954 e 1960.