Ao menos durante os próximos 30 dias, Ricardo Teixeira não será o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O vice-presidente mais idoso da entidade, José Maria Marin, ficará no comando nas próximas semanas. Teixeira já informou a sua decisão aos presidentes das federações de futebol no Brasil.
Teixeira estabeleceu o tempo inicial de um mês para ficar fora do comando da CBF. Segundo o estatuto da entidade, esse período não poderá ultrapassar 60 dias. Em 2011, o dirigente foi internado após sentir dores abdominais; foi constatado que ele sofria de diverculite, que foi tratada com apenas com mediação. Além do problema no intestino, Teixeira tem um histórico de problemas cardíacos.
O afastamento do dirigente da CBF acontece a pouco mais de dois anos da Copa do Mundo no Brasil e sob diversas denúncias de corrupção. Seu nome estava envolvido no dossiê da ISL, agência de marketing da Fifa que faliu em 2001. Teixeira teria sido um dos dirigentes que receberam propina nas negociações de direito de televisão. Esse episódio acirrou o relacionamento entre ele e o presidente da Fifa, Joseph Blatter.
No Brasil, Teixeira enfrentou duas Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI). Em 2001, justificou problemas cardíacos para se ausentar da CPI que investigava a movimentação de recursos da CBF em paraísos fiscais. As denúncias também apontavam irregularidades no contrato entre a Nike e a entidade.
Em 2008, o dirigente pressionou os presidentes das federações de futebol por uma mudança no estatuto da CBF. Para se garantir no comando até a Copa do Mundo, a gestão da entidade foi estendida de três para sete anos. O atual mandato se encerra em 2015.
Nos últimos meses, Teixeira já havia dado sinais de que poderia deixar o cargo da presidência da CBF. O dirigente demitiu Marco Antônio Teixeira, seu tio, que trabalhava na CBF desde o seu primeiro mandato. Para comandar as seleções brasileiras, Teixeira contratou Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians. Já para a Copa do Mundo, ele colocou os ex-jogadores Ronaldo e Bebeto no Comitê Organizador Local (COL).
No lugar de Teixeira, assume o vice-presidente que representa o Sudeste na CBF. José Maria Marin é ligado à Federação Paulista de Futebol (FPF) após ter feito carreira política. Na década de 1970, foi deputado federal pela Arena e, em 1982, chegou ao governo de São Paulo.
Recentemente, ficou em evidência após embolsar uma medalha destinada ao campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior. A FPF informou que a medalha era, de fato, destinada ao dirigente. No entanto, um goleiro do Corinthians, campeão do torneio, ficou sem o artefato após a partida.