O que a Copa do Mundo ruiu, os Jogos Olímpicos reuniram. Em 16 dias, o Rio 2016 ajudou a recuperar parte da autoestima do brasileiro e a amadurecer o conceito de que temos capacidade para fazer grandes eventos mundiais.
Entre uma festa de abertura marcada pela sobriedade e uma de encerramento tomada pelo resgate da alegria de ser brasileiro, o país se tornou um pouco mais unido e positivo por 15 dias.
Um cenário bem diferente daquele em que nos inserimos há três anos, quando a Copa das Confederações 2013 serviu de estopim e ajudou a acirrar a tensão social que aumentou o pessimismo em relação ao país e gerou um cenário de receio sobre as Olimpíadas no Rio.
De um primeiro fim de semana caótico, com longas filas para entrar nas arenas, falhas grotescas no serviço de alimentação e muito espaço vazio nas arquibancadas, evoluímos para um final de semana derradeiro com arenas, Parque Olímpico e áreas públicas abarrotados.
Tão temida, a violência urbana apareceu e assustou. Um ônibus de jornalistas foi vítima de bala perdida. Um carro da Força Nacional errou a rota e parou numa favela. Um treinador alemão sofreu um acidente de trânsito fatal. E quatro nadadores americanos foram assaltados. Quer dizer.
Se, naquela primeira semana, o brasileiro começava a gostar dos Jogos ao ver que eles eram realidade, o episódio de Ryan Lochte representou a virada da imagem do país para o exterior. A forma como a farsa do nadador americano foi desconstruída mudou a percepção do estrangeiro.
Fomos levados mais a sério por mostrar que tentávamos entregar um bom evento e que, talvez ,as críticas fossem mais por não aceitar o estilo brasileiro de ser.
A segunda semana acentuou essa mudança de percepção do estrangeiro quanto ao país. E o próprio brasileiro mudou de humor. Mostramos que estivemos felizes com a festa, de que somos capazes de realizar grandes feitos. Mas isso não pode ser de qualquer jeito.
É preciso trabalhar para que o “novo mundo” defendido pelo slogan do Rio possa ser realidade. O jogo está só começando.