Em 2014, ano de eleições presidenciais e instabilidade política, o dólar subiu 12,78%, fechando o ano em R$ 2,65. A previsão de uma temporada difícil para a economia do país fez com que o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro tomasse a decisão de oferecer em contrato a cada um dos revendedores de ingressos no exterior a opção de pagamento com dólar pré-fixado a R$ 2,35.
Desde o início do ano, o dólar já acumula alta de cerca de 48%. A cotação atual bate a casa dos R$ 4. “Não podíamos ficar expostos às variações de câmbio”, disse Donivan Ferreti, diretor de ingressos do Comitê Rio 2016, à Máquina do Esporte.
Quem optou pelo pagamento em reais, caso de Alemanha e Áustria, deixou de se beneficiar com a forte queda do valor da moeda brasileira em relação ao dólar. A CoSport, revendedora para Estados Unidos, Canadá, Austrália, Bulgária, Grã-Bretanha, Suécia, Noruega e Rússia, chegou a pedir a revisão do contrato, mas teve seu requerimento indeferido.
“Por padrão, o contrato com os comitês prevê o pagamento dos ingressos em real, mas por solicitação do próprios Comitês, a forma de pagamento em dólar com câmbio fixo foi oferecida, podendo assim o próprio comitê selecionar a forma de pagamento desejada”, completou Ferreti.
O comitê não faz os cálculos de quanto as Olimpíadas do Rio teriam perdido em faturamento com ingressos, terceira maior fonte de renda do evento, caso tivesse de enfrentar a desvalorização de quase 70% da moeda brasileira no exterior neste ano. Ferreto, contudo, apontou sem hesitar onde está a principal vantagem do câmbio fixo para a organização da competição.
“Como o Comitê Rio 2016 possui despesas em dólares, atrelou-se essas despesas às receitas dos comitês que optaram pelo pagamento em dólares, criando-se assim um hedge natural”, explicou o executivo.
A venda de ingressos compõe 16,2% das receitas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, gerando cerca de R$ 7,4 bilhões. 30% do total de 7,5 milhões de bilhetes foram destinados às torcidas internacionais.