A Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) suspendeu provisoriamente nesta sexta-feira (13) a Rússia de todos os eventos internacionais de atletismo.
Durante a tarde, o conselho da entidade se reuniu via videoconferência e decidiu pela máxima punição ao país, seguindo a recomendação da Agência Mundial de Antidoping (Wada, na sigla em inglês), que revelou nesta semana um esquema de doping sistêmico no país.
Foram 22 votos a favor da suspensão, um contra e três abstenções, em uma decisão quase unânime.
“A mensagem não poderia ser mais forte, foi uma chamada para que os russos despertem”, disse Sebastian Coe, presidente da Iaaf, acrescentando que “as mudanças são da absoluta responsabilidade da Rússia”.
Por ora, nenhum atleta russo poderá participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Rússia tentava evitar a punição mais severa
A Rússia propôs à Wada (Agência Mundial Antidoping) a elaboração de um roteiro de combate ao uso de drogas no esporte a ser implementado no país. A iniciativa é uma resposta de relatório elaborado por comissão de investigação independente da agência que mostrou programa de doping sistemático no atletismo russo.
“Propus um plano. Se o cumprimos, damos as mãos e não vamos estar sempre ameaçados, cada vez que aparecer uma nova denúncia”, afirmou Vitali Mutko, ministro dos Esportes, em entrevista à imprensa local.
Wada e Iaaf exigem resposta rápida às acusações de que o governo foi complacente com o doping no esporte. Para fazer frente ao problema, o Estado decidiu criar a Agência Antidoping da Rússia (Rusada), que será financiada pelo governo mas fará trabalho independente.
Mutko, por sua vez, rebateu a possibilidade de a Rússia ser banida do esporte e ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem. A punição foi pedida por Dick Pound, que dirigiu a comissão de investigação da Wada. Para o ministro, essa sanção só beneficiaria os adversários. Na Olimpíada de Londres-2012, a Rússia ficou em quarto lugar na classificação geral, atrás de EUA, China e Reino Unido, com 24 outros e 82 medalhas.
“Os atletas não devem sofrer represálias por aqueles que violaram as regras. Lutaremos contra isso. Que reclamações têm contra Sergei Shubenkov [110 m com barreiras], Masha Kuchina [salto em altura], Dasha Klishina [salto em distância] ou Yelena Isinbayeva [salto com vara]?”, questionou Mutko.
Além da punição ao esporte russo, o relatório da Wada pediu o descredenciamento do Centro Antidoping de Moscou. Grigori Rodchenkov, diretor do laboratório, mandou destruir 1.417 amostras suspeitas três dias antes da chegada da fiscalização da Wada. O documento também acusa o governo de infiltrar agentes da FSB (polícia secreta russa, que sucedeu a KGB) no trabalho antidoping durante os Jogos de Inverno de Sochi-2014. Foi recomendado também o banimento de cinco atletas e cinco treinadores, entre os quais Maria Savinova, campeã olímpica dos 800 m em Londres.