Enquanto o Clube dos 13 implodia no início deste ano, diante das negociações diretas entre clubes e Globo pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, o Guarani preferiu se manter ao lado da entidade e não confrontar a emissora. Meses depois, sem acordo para a temporada que vem, o clube está em apuros financeiros.
Desde o início da temporada, a equipe paulista tem enfrentado dificuldades para manter salários em dia. Atualmente, os meses de agosto e setembro ainda não foram quitados. “Nós não podíamos só depender da cota de TV, e agora a extinção do C13 leva a tudo isso”, conta Mercival Piron, diretor de marketing do time.
Da verba paga pela Globo à entidade pelos direitos de transmissão, o Guarani tinha direito a R$ 11 milhões anuais. Ainda havia empréstimos feitos pelo C13 em momentos turbulentos, algo que o clube não pode mais contar neste ano. Apenas em 2010, segundo balanço financeiro, foram emprestados mais R$ 7,2 milhões pelo órgão.
O plano traçado para superar a falta de dinheiro nesta temporada consistia na venda do estádio Brinco de Ouro, mas o negócio segue emperrado. Como depende ser valizada prefeitura de Campinas, que inclusive esteve em crise política após denúncias de corrupção em maio, a comercialização da arena ainda não pôde ser finalizada.
“O Guarani não faz loucura e em nenhum momento saiu da linha de administração na qual o objetivo era redução da dívida. Tentamos vender atletas das categorias de base, mas esse negócio também não saiu. Agora há a necessidade de se reorganizar com a torcida para reestruturar o clube”, relata o diretor de marketing.
O departamento ficou encarregado de encontrar soluções para arrecadar rapidamente, e então várias ações emergenciais foram lançadas nesta semana. Há 369 títulos patrimoniais, que foram recuperados de sócios afastados, sendo novamente vendidos pelo Guarani por R$ 5 mil cada, com forma de pagamento facilitada.
O programa de sócios-torcedores teve a mensalidade reduzida de R$ 50 para R$ 30, no intuito de arregimentar 30 mil filiados. O time também criou o “Guarani Esperança”, alusivo ao projeto social gerenciado pela Globo, para que torcedores possam doar qualquer quantia acima de R$ 20 para salvar a equipe da bancarrota.
A Nota Fiscal Paulista, desenvolvida pelo governo estadual, por sua vez, será incentivada pelo Guarani para que impostos sejam abatidos. A campanha consiste em pedir para que torcedores usem o CNPJ do clube em transações comerciais. Não há, segundo o diretor de marketing, nenhum impedimento legal para essa prática.
Ainda há, por fim, cotas de R$ 1 mil disponíveis para que fãs insiram o próprio nome na camisa alviverde na cota máster. Com todas essas ações, todas voltadas para a torcida, o departamento de marketing pretende conseguir arrecadação mensal de R$ 500 mil até o fim do ano, algo suficiente para sanar dívidas mais urgentes.