Quando a Caixa resolveu deixar de investir no futebol, surgiu no mercado esportivo uma apreensão pelo futuro em curto prazo, afinal a força da estatal é que havia mantido os patrocínios aquecidos. Pouco era considerado, no entanto, que a presença da companhia inibia um grupo do mesmo segmento.
Com maior flexibilização do Banco Central, as “fintechs”, empresas digitais do setor financeiro, ganharam força no mercado nacional. E, sem os valores altos impostos pela Caixa no mercado de patrocínio, o futebol virou plataforma de comunicação dessas companhias, que lutam por maior credibilidade entre os consumidores.
Foto: Reprodução
Na Série A do Campeonato Brasileiro, serão sete times com marcas de “fintechs” na camisa. O domínio ainda não é tão grande quanto foi o da Caixa em 2018, quando 12 equipes tiveram a estatal no uniforme, mas o número é expressivo.
O interesse dos bancos digitais teve um ponto de partida: a parceria entre São Paulo e Banco Inter. O negócio foi o primeiro do tipo, com um modelo que começou a ser repetido pelas outras equipes, com ampla exposição e produtos com a marca do clube patrocinado. Os times, desde então, passaram a oferecer aos torcedores um banco próprio.
No fim de 2018, o Banco Inter bateu o número de 1 milhão de clientes, 800 mil a mais do que a empresa tinha quando passou a patrocinar o São Paulo. O aporte não foi responsável direto pelo crescimento da empresa; hoje, menos de 10% das contas estão atreladas a produtos do time. Mas a parceria serviu de case e ligou a luz para a concorrência. Em 2019, sem a presença da Caixa, as outras marcas puderam chegar em peso para replicar o modelo de negócio são-paulino no futebol.
LEIA MAIS: Análise: Bancos miram marca forte com futebol
Foram três companhias que seguiram o mesmo caminho. O primeiro caso do ano foi do BMG com o Corinthians. Com acordo fixo de R$ 12 milhões, o clube paulista apostou no lucro da plataforma criada com o banco, dividido igualmente entre as duas partes. Nas semanas seguintes, a empresa replicou o mesmo modelo de negócio no Atlético Mineiro e, mais recentemente, no Vasco.
Outras duas “fintechs” adotaram a mesma estratégia. O Banco Renner usou a marca Digi+ para fechar com o Cruzeiro e, nesta semana, com o Athletico Paranaense. Já o BS2, antigo Banco Bonsucesso, fechou com o Flamengo. Todas as equipes escolhidas neste ano pelos bancos digitais tinham patrocínio máster da Caixa. Corinthians e Vasco jogaram com a estatal até a temporada de 2017.
A Máquina do Esporte explicou o movimento das “fintechs” no futebol brasileiro em um vídeo animado. Você pode assisti-lo abaixo: