A Record já definiu o plano comercial que pretende colocar em prática caso consiga os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de futebol. O problema é que nem ela e nem os clubes envolvidos na negociação sabem se o projeto é realmente viável.
Na semana passada, a emissora registrou em cartório uma oferta de R$ 1 bilhão para fechar com Corinthians e Flamengo por cinco temporadas (R$ 100 milhões anuais para cada time). Para viabilizar esse montante, o canal pretende vender sete cotas de anúncios e cobrar R$ 60 milhões líquidos (R$ 75 milhões brutos) de cada empresa.
O projeto da Record ainda contempla negociações com outros cinco times (Atlético Mineiro, Atlético Paranaense, Internacional, Palmeiras e São Paulo), com ideia de fechar com dois ou três. Se isso acontecer, a emissora acredita que pode elevar o valor de cada cota de anúncio para algo entre R$ 100 milhões e R$ 110 milhões.
No primeiro cenário, a Record teria um faturamento líquido de R$ 420 milhões por ano com o Campeonato Brasileiro. Isso seria suficiente para cobrir os R$ 200 milhões gastos com Corinthians e Flamengo, mais os custos de montagem de equipe, operação e estrutura.
“Nossa meta é praticamente empatar no primeiro ano. Pensamos em montar uma transmissão de alto nível, com muitos diferenciais, e isso vai consumir um valor alto”, projetou Walter Zagari, diretor comercial do canal paulista.
Atualmente, a Globo trabalha com seis cotas de patrocínio no futebol, mais o top de cinco segundos que abre as transmissões. Cada um dos principais anunciantes desembolsou R$ 134 milhões para a emissora em 2011.
O grande ponto de interrogação do projeto da Record, portanto, é a entrega. O canal trabalha com uma previsão de faturamento menor do que a atual detentora dos direitos, sobretudo porque ainda desconhece os limites de exploração.
O pior é que a Record conversou com os clubes, e eles ratificaram essa dúvida. A emissora pretende promover, por exemplo, entrevistas no intervalo dos jogos com exposição de backdrops de patrocinadores. Outra ideia é que o narrador das partidas leia os textos de anúncios – atualmente, a Globo usa um profissional que não participa das transmissões.
“Só que nem os clubes sabem se essas coisas são viáveis. O fato é que eles não sabem exatamente o que estão vendendo. Ninguém sabe ao certo os limites de entrega”, comentou Zagari.
Para amenizar essa incerteza, o projeto comercial da Record aposta em uma diluição dos anúncios por toda a programação da emissora. Os compradores das cotas do Campeonato Brasileiro devem ter espaços em boletins, programas esportivos, telejornais e até em atrações de variedades do canal.