A contratação da sueca Pia Sundhage para comandar a seleção brasileira de futebol feminino pelos próximos dois anos reforçou o novo status que a modalidade atingiu após a Copa do Mundo disputada na França.
A notícia da contratação de Pia, de 59 anos e com um dos currículos mais vitoriosos do futebol feminino na história, fez a seleção feminina voltar a ocupar os principais destaques do noticiário da grande mídia, sendo inclusive relatada dentro do Jornal Nacional, programa noticioso de maior audiência do país.
Mas, para além da questão midiática que representou a contratação da sueca, que foi às três últimas finais de Jogos Olímpicos, tendo conquistado duas medalhas de ouro, está a formulação do primeiro plano concreto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para o futebol feminino dentro do país.
Foto: Divulgação / CBF
“A escolha da Pia reflete a nova dimensão que vamos imprimir ao futebol feminino no Brasil. A partir da sua chegada, desenvolveremos um planejamento totalmente integrado entre a seleção principal e a base, equilibrando objetivos de curto prazo, como Tóquio 2020, com a renovação contínua dos nossos talentos. Pia reúne a experiência e o talento perfeitos para isso”, declarou o presidente da CBF, Rogério Caboclo, em entrevista ao site da entidade para comunicar o acordo.
A chegada de Pia tenta suprir uma defasagem do futebol brasileiro em relação aos principais mercados do mundo. Segundo relatório divulgado pela Fifa após o Mundial, o Brasil tem hoje apenas 15 mil atletas praticando futebol de forma oficial no território nacional. Desse total, cerca de 3 mil têm acima de 18 anos e são registradas na CBF.
O número de atletas da base revela ainda mais a carência de desenvolvimento do esporte. São apenas 475 jogadoras registradas. Na área técnica, o abismo é ainda maior. Dos 1.368 treinadores de futebol atuando com registro da CBF, somente 15 são mulheres, ou apenas 1% do total de treinadores.
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Pia chega referendada pelos resultados à frente das seleções da Suécia e dos Estados Unidos. Ela deixará o trabalho que fazia nas categorias de base do seu país de origem para o desafio de profissionalizar a prática do futebol feminino no Brasil.
“Olá, Brasil. Só queria dizer a vocês que estou muito empolgada em treinar o país do futebol”, disse a treinadora, em vídeo que foi publicado pela CBF.
A julgar pela repercussão que o anúncio da contratação causou, Pia poderá ser o elemento que faltava para elevar de vez o status do futebol feminino no país.