Medalha de prata em Sydney 2000. Bronze em Pequim 2008. Campeão mundial em 2007. Tricampeão pan-americano em 2007, 2011 e 2015.
Não há dúvida de que a carreira de Tiago Camilo nos tatames foi um sucesso. Hoje, aos 37 anos e sem competir há dois, o paulista continua tendo o judô como atividade principal, mas, como ele mesmo diz, de um jeito muito mais complexo.
Tiago concedeu uma entrevista exclusiva à Máquina do Esporte em Tóquio, onde está como convidado da Ajinomoto para acompanhar uma delegação de jornalistas e nutricionistas que foram chamados pela marca para conhecer as instalações da multinacional que patrocina os Comitês Olímpicos do Japão e do Brasil, além dos Jogos de 2020.
O judoca e ex-atleta, como ele mesmo se autodefine, atua em várias frentes nos dias atuais. Com contrato com a Globo até o final da próxima Olimpíada, ele está sempre pronto para acompanhar o amigo Flávio Canto nas transmissões do canal quando chamado. Além disso, é presidente da Comissão de Atletas do COB (CACOB) desde o final de 2016, quando sucedeu o campeão olímpico Emanuel Rego, do vôlei de praia. No cargo, acompanha processos, olha pelos interesses dos atletas e também a aplicação das verbas públicas no esporte, além de exigir transparência e boas atitudes de governança.
Atualmente, no entanto, está licenciado. Até dezembro, enquanto a medalhista olímpica Yane Marques, do pentatlo moderno, lida com a função, Tiago se aprofunda em três pilares da sua vida no judô. O ex-atleta possui um instituto e uma academia com seu nome, e ainda estuda, analisa e prepara uma metodologia inovadora para a prática do esporte que ama.
“Temos um trabalho que une o público e o privado. No Instituto, prezamos pelo social, a inclusão, queremos ajudar a moldar o caráter da criança com a filosofia do judô, com preceitos como disciplina, respeito e educação. Na academia, o trabalho é parecido e voltado para aqueles que têm melhores condições”, explicou o judoca.
É o desenvolvimento da metodologia, no entanto, que tem tomado boa parte do tempo de Tiago. Da própria cabeça, o ex-atleta criou um projeto inovador que aposta na “gamificação” do judô. Até meados de 2020, serão criados um aplicativo e uma plataforma digital que possuem o objetivo de fazer com que as crianças se interessem pelo esporte com a ajuda da tecnologia.
“É o judô na era digital. Estamos trazendo equipamentos dos EUA para filmar tudo e rechear os três programas da metodologia: judô educacional, judô de alto rendimento e judô inclusivo. Tornaremos professores que terão acesso a todo o conteúdo, enquanto os alunos irão ganhando esse acesso à medida que evoluem e trocam de faixa. Além disso, queremos a participação dos pais, que acompanharão todo o desenvolvimento dos filhos no esporte”, revelou Tiago.
A ideia é “misturar” a metodologia com os trabalhos realizados no instituto e na academia. Com sede no bairro de Paraisópolis, em São Paulo, o instituto possui seis polos na capital paulista, atendendo anualmente a cerca de mil crianças. Em breve, expandirá para o Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. O projeto ainda terá “setores” de educação, assistência social, psicologia e odontologia, entre outros, em parceria com a Geek. O objetivo é que, no futuro, se transforme em referência e seja, inclusive, comercializado com possíveis prefeituras interessadas.
“Quero investir nas próximas gerações e deixar um legado. Fazer com que as injustiças sociais diminuam com a ajuda do esporte. Enfim, reverter para a sociedade tudo aquilo que o judô me proporcionou na vida”, concluiu o medalhista olímpico.
*O repórter viaja a convite da Ajinomoto