Foi uma década de mudanças e consolidação para o marketing esportivo. Muitas das inovações propostas nos últimos dez anos ficaram pelo caminho, Outras, contudo, revolucionaram a maneira de se fazer esporte no Brasil.
Na quarta lista da série de comemorações pelos dez anos da Máquina do Esporte, apresentamos um ranking com os cases mais importantes desses período. Tem muito futebol, é claro. Mas também tem judô, basquete e corrida de rua na composição da lista.
TOP 10 – Os dez cases nacionais entre 2005 e 2015:
1- Copa do Mundo de 2014
Contra todas as previsões, teve Copa do Mundo no Brasil. E que Copa! O fato de conseguirmos realizar o evento sem maiores percalços foi louvável. No fim, a Copa foi a mais vista da história no país pela televisão, ao mesmo tempo em que tivemos um enorme engajamento dos torcedores com o evento em si, assim como as empresas que se envolveram direta ou indiretamente com o Mundial brasileiro. Por mais paradoxal que pareça colocar um dos alvos da investigação de corrupção no futebol no topo da lista, é inegável o seu legado esportivo para o país. Até mesmo nisso, na hipótese de expurgar dirigentes corruptos do esporte, a Copa do Mundo deu certo.
2 – Ronaldo no Corinthians
Da Série B para as manchetes internacionais. Numa estratégia ousada, Ronaldo foi contratado em 2008 para ser mais do que o centroavante do Corinthians: a tarefa era colocar o clube no mapa do futebol mundial. Missão dada, missão cumprida. O atacante elevou o nome do time paulista a outro patamar. Naquele ano, o impacto da notícia foi tanto que todas as outras boas iniciativas do clube na temporada, como a camisa “loteada” entre os torcedores, ou a venda da camiseta promocional “Eu nunca vou te abandonar” foram esquecidas como estratégias inteligentes de marketing. Ronaldo entrou para a lista de brasileiros mais influentes da Época no ano seguinte e nunca mais desvinculou sua imagem da equipe paulista.
3 – NBB
De “não-campeonato” a parceira da NBA, o Novo Basquete Brasil é o primeiro case de modalidade olímpica do nosso ranking. A liga nasceu em 2008 com forte empurrão da Rede Globo, seu principal mecenas nos primeiros anos. Com um acordo firmado no ano passado, toda a parte comercial, de negociação de patrocínios, estratégias de marketing, divulgação do campeonato e licenciamento de produtos será responsabilidade da NBA. Para quem enfrentou a fúria de dirigentes e times dissidentes na fase embrionária, o contrato representa um passo e tanto para a consolidação da liga no cenário esportivo nacional.
4 – Movimento Futebol Melhor
O Movimento Futebol Melhor nasceu em 2013 na esteira de outro case de sucesso da década: o sócio-torcedor no Brasil. Ao todo, 25 clubes fazem parte do projeto liderado pela Brahma e que beneficia os associados com descontos de diversas empresas em ações pontuais, como Ambev, Unilever, PepsiCo, Seara, Danone, Bradesco, Netshoes, Burguer King, Tim, Centauro, EasyTáxi e Sky. Ao todo, cerca de 600 produtos estão inseridos no programa. Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Ponte Preta, Portuguesa, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG, Vitória, Bahia, Ceará, Fortaleza, Ferroviário, Joinville, Internacional, Grêmio, Sport, Náutico e Santa Cruz fazem parte do projeto que já foi, inclusive, protagonista de um episódio do humorístico Porta dos Fundos. O MFM já gerou mais de R$ 100 milhões aos clubes.
5 – Allianz Parque
Allianz Parque é o naming rights que deu certo no Brasil. Mesmo sem o apoio da Globo, o estádio do Palmeiras popularizou seu novo nome entre os torcedores e deu um novo padrão ao conceito de arena multiuso no Brasil. Tem jogo de futebol e tem uma agenda paralela contribuem para as finanças do clube. Desde a sua reabertura, a casa alviverde já recebeu shows internacionais como Paul McCartney, Roberto Carlos e tem Katy Perry e Rod Stewart no calendário de 2015, além de outros eventos. O mesmo fez a Itapaiva Arena Fonte Nova, do Bahia, inaugurada antes do Allianz Parque, que se tornou ponto de referência não apenas esportivo, mas cultural e de negócios no Nordeste.
6 – Neymar
Há dez anos, Neymar iniciava sua trajetória nas categorias de base do Santos. O clube chegou a desembolsar R$ 1 milhão para segurar o jogador ainda juvenil na Vila Belmiro. Neymar se profissionalizou aos 17 anos e deu ao time títulos importantes como a Copa do Brasil de 2010 e a Copa Libertadores da América em 2011. Foi para o Barcelona em uma transação milionária e segurou o peso de ser o substituto de Ronaldo para a nova geração. Neymar é sinônimo de sucesso. Em 2014, o atacante arrecadou US$ 31,7 milhões e se tornou o quarto atleta do futebol mais bem pago do mundo, valor amparado pelos contratos de patrocínio com Nike, Panasonic, Volkswagen, Claro, Tenys Pé, Lupo, Guaraná Antarctica, Heliar, Rexona e Listerine, Neymar possui 51 milhões de seguidores no Facebook, 20 milhões no Instagram e 18 milhões no Twitter.
7 – Visa
Em 2007, a Visa – em parceria com a Outplan – deu o passo mais audacioso no projeto de criar nos estádios setores exclusivos para os portadores do cartão com a sua bandeira. No final do ano começou a funcionar o sistema no estádio do Palmeiras, ainda sob o nome de Palestra Itália. O sucesso do setor foi tão grande que, além de aumentar a receita do clube com a venda de ingressos, fez com que o modelo fosse replicado para outros estádios do país. O setor foi o primeiro do país a eliminar a bilheteria em estádios. O torcedor comprava o ingresso pela internet e usava o cartão como bilhete. Foi o início da mudança no sistema de venda de ingressos no Brasil.
8 – Judô
O judô tem a única confederação de modalidade olímpica no Brasil sustentada na última década sem o apoio máster de uma estatal. Sim, a CBJ tem contrato com Petrobrás e Infraero, mas a base de sua estrutura vem dos aportes de Scania e Mizuno, além dos acordos com Bradesco e Cielo. O judô está na cabeceira na lista de esportes mais medalhados em Olimpíadas e, além do bom resultado dentro dos tatames, rende ações de marketing inteligentes, como o “Judô no Teatro”, destaque em pleno ano de Copa do Mundo no Brasil. Em setembro, a CBJ organizou um desafio internacional entre Brasil e Japão, no Teatro Bradesco, em São Paulo, com transmissão inovadora para televisão: o árbitro “vestia” câmera, que exibia imagens ao vivo de um ângulo inédito. O evento reuniu cerca de 1,2 mil pessoas e teve transmissão ao vivo pela TV Globo no domingo de manhã, obtendo 8 pontos na medição do Ibope (cerca de 1,6 milhão de pessoas).
9 – Nike e as corridas de rua
A segunda metade dos anos 2000 marcou a virada da Nike no mercado de corridas de rua. A fabricante passou a ser uma das referências desse nicho em duas vertentes: a Run Of World, evento realizado simultaneamente em várias partes do mundo, trouxe a massificação. Já a 600k, disputada entre São Paulo e Rio de Janeiro em equipes para revezamento, atingiu a elite dos praticantes da modalidade. O desafio virou documentário, atraiu nomes importantes do atletismo e falou diretamente com o consumidor de tênis e acessórios para corrida. A Nike saiu da sombra do mercado para a vitrine de uma das modalidades que mais cresceram nos últimos dez anos.
10 – Gillette Federer Tour
Em 2012, a Gillette reuniu Roger Federer , Jo-Wilfried Tsonga, Tommy Haas, Tommy Robredo, Victoria Azarenka, Maria Sharapova, Serena Williamse os irmãos Bob e Mike Bryan, além dos brasileiros Thomaz Bellucci, Bruno Soares e Marcelo Melo para um torneio-exibição no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, com média de público superior a nove mil pessoas. Foi a primeira visita do suíço, ex-número 1 do mundo, ao Brasil. O cachê de Federer era de US$ 2 milhões por jogo. A turnê passou ainda por Argentina e Colômbia, numa jogada perfeita da empresa que aproximou as praças sul-americanas de ídolos da modalidade pouco frequentes nesses países.