Dunga não tem sido rigoroso apenas com os seus jogadores. O treinador da seleção brasileira tem feito uma marcação forte também na imprensa. Com treinos fechados e entrevistas limitadas, a imprensa brasileira tem tido trabalho para ter pautas na Copa do Mundo. A solução tem sido inovar na cobertura. A diferença é sentida, principalmente, se a comparação for com a cobertura feita em 2006, na Copa da Alemanha. Naquele ano a seleção fez a sua preparação em Weggis, cidade com população inferior a cinco mil de pessoas, na Suíça. Com treinos abertos e jornalistas circulando livremente entre jogadores, as emissoras se focavam no dia-a-dia da seleção. Para o gerente de produção do canal ESPN Brasil, João Batschauer, Dunga tem suas vantagens para a mídia, além de adotar um procedimento que tecnicamente pode ser mais proveitoso aos jogadores. O técnico da seleção não dá informações privilegiadas para certas emissoras, e cumpre com rigor o que havia sido combinado com a imprensa: duas coletivas por dia. Com os treinos fechados, no entanto, não há material para cobrir todo o tempo de notícias da seleção. ?Nossa cobertura acaba ficando mais opinativa, com nossos comentaristas aparecendo mais?, afirma Batschauer. Além disso, o canal pôde abrir espaço para matérias especiais, mais ligadas à cultura do local. Na última semana, a equipe entrevistou uma senhora responsável por um programa social que dá assistência a portadores de HIV, na periferia de Johanesburgo. Para Antônio Cosenza, consultor na área de gestão estratégica de mercados, a imprensa brasileira está mal acostumada. Nos campeonatos nacionais, treinos também costumam ser abertos e as coletivas são constantes. Cosenza afirma que isso não existe na Europa e Dunga usa o procedimento para ?proteção da privacidade, o que pode ajudar no comprometimento da equipe?. Nesse ano, o público também tem uma vantagem que também não facilita a vida da imprensa. Segundo Amir Somoggi, diretor da área de esportes da Crowe Horwath RCS, a chegada de mídias próprias, como o Twitter, passa um ?complemento para os telespectadores?. Somoggi também confirma a tendência já adotada pela ESPN Brasil: ?O opinativo aparece mais, sem dúvida. Ele se torna um diferencial?.