O Brasil tem um projeto de fomento ao turismo para o país com foco na Copa do Mundo de 2014. O plano possui logomarca, slogan e até um vídeo institucional que será lançado no próximo domingo, logo depois do término da decisão do torneio da África do Sul. Só não existe, ao menos por enquanto, um plano de comunicação claro para isso.
O Ministério do Turismo revelou nesta semana que o Brasil investirá R$ 30 milhões até o fim deste ano em ações de marketing voltadas à Copa do Mundo de 2014. Além disso, representantes da pasta, do comitê organizador local (COL) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex) já disseram em mais de uma oportunidade que o país precisa aproveitar o interesse que o torneio gera para divulgar características além dos clichês como “samba”, “Carnaval” e “mulheres bonitas”.
No entanto, os primeiros dias de vigência do projeto mostraram pouco além disso. Com exceção das mulheres, vetadas no projeto da Casa Brasil, o empreendimento montado em Johanesburgo para divulgar o país que receberá a próxima Copa do Mundo repetiu clichês sobre a região.
A situação foi ainda mais clara na sexta-feira. Antes da apresentação oficial do projeto, houve um show para os convidados na frente da Casa Brasil. A apresentação contou com samba, samba-enredo e roda de capoeira. E havia duas dançarinas brasileiras com roupas justas entre os artistas responsáveis pelas performances.
Foi nos discursos, contudo, que a ausência de planejamento ficou mais escancarada. O principal exemplo foi dado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que ignorou texto escrito para a ocasião, improvisou sua fala em um auditório de Johanesburgo e admitiu problemas estruturais que a campanha tenta contornar. O exemplo mais evidente aconteceu quando o mandatário citou a dificuldade que o país tem de levar pessoas ao cinema. Ele lembrou que o país precisa se preocupar com todo o roteiro desse público, da segurança à disponibilidade de restaurantes e transporte depois da sessão. “E ainda tem o problema do estacionamento. O sujeito para o carro, e quando volta, roubaram”, criticou.
Lula também falou da riqueza da culinária brasileira, mas citou como principal exemplo disso a cultura de Belém. A cidade foi preterida na lista das 12 sedes de jogos da Copa do Mundo de 2014.
O ministro do Turismo, Luiz Barretto, fez um discurso mais alinhado aos ideais da campanha. Quando foi questionado em entrevista coletiva sobre quais ações serão feitas nos próximos quatro anos para reforçar o slogan do projeto, contudo, desconversou.
Desconversar, aliás, já havia sido expediente usado por Ricardo Teixeira, presidente do COL e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na quinta-feira. Interpelado sobre o perfil da comunicação sobre a Copa do Mundo de 2014, o dirigente não citou nenhuma ação específica e não explicou as direções do projeto.