Em meio às dificuldades financeiras que a maior parte dos novos estádios brasileiros vivem, a WTorre tem refeito as contas com o Allianz Parque. E não é por administração de dívidas, mas sim por adiantamento no retorno do investimento realizado para a construção da arena do Palmeiras.
A construtora não abre valores de faturamento por questão contratual, mas a WTorre prevê, no momento, que o retorno com o estádio deva acontecer entre o oitavo e décimo ano da arena. Originalmente, a empresa tinha previsão de recuperar os investimentos entre o 12º e o 13º ano.
Para a WTorre, há considerável importância em antecipar o retorno. A cada cinco anos, o Palmeiras passa a ganhar mais 5% do lucro líquido do Allianz Parque. A partir do 15º ano, o clube fica com 20%, o que, na questão financeira, o torna sócio majoritário do negócio.
No total, a WTorre investiu R$ 690 milhões na obra. O valor inclui a demolição do antigo Palestra Itália, a construção de prédios para o clube e até intervenções nas vias ao redor da arena.
Em conversa com a Máquina do Esporte, Rogério Dezembro, CEO do braço da WTorre que gerencia o estádio, a Capital Live, reforçou o plano da companhia com o Allianz Parque. “Temos uma série de compromissos com os parceiros aqui: eu preciso ter outras atividades fora do futebol. Se eu tiver só jogo, eu sou só mais um estádio de futebol. Essa diversidade de atividades é que torna a arena atrativa ao mercado”.
Os ganhos do estádio são provenientes de vendas de camarotes, publicidade e alugueis, além das 10 mil cadeiras que a WTorre já comercializa após entrar na justiça com o Palmeiras. Mas Dezembro admite que o carro-chefe do estádio ainda é o futebol: “O calendário de jogos é a principal atração da arena. É mau negócio tirar o Palmeiras do Allianz Parque”.
O plano com shows é uma particularidade do modelo de negócios da WTorre. Ao considerar apenas o aluguel do estádio, eles não representam ganhos à administração quando o Palmeiras é deslocado de sua casa; o time tem que ser ressarcido por isso. No entanto, os acordos comerciais são valorizados porque incluem a presença de shows, inclusive no contrato com a Allianz.
Até mesmo os camarotes têm o acordo. Alguns torcedores chegam a reclamar da saída do time do estádio, mas a maioria das cabines é vendida para pessoas jurídicas, que também se beneficiam com as apresentações musicais.