Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 foram palco para mais um grande desempenho da ginástica brasileira. O grupo de atletas selecionados pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) foi responsável por trazer quatro medalhas ao Brasil.
Assim como em outros esportes, as mulheres lideraram o sucesso. O Brasil conquistou logo de cara uma medalha inédita. Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Flávia Saraiva, Júlia Soares e Lorrane Oliveira ganharam o bronze por equipes.
Nas categorias individuais, Rebeca Andrade correspondeu a todas as expectativas e brilhou. A ginasta foi prata no individual geral e no salto e ouro no solo, superando a norte-americana Simone Biles. Além disso, tornou-se a maior medalhista olímpica da história do Brasil, ultrapassando o velajador Robert Scheidt, que se aposentou dos Jogos em Tóquio 2020.
“A CBG considera a participação brasileira em Paris 2024 bastante positiva até aqui. Nossos atletas, treinadores e equipes multidisciplinares demonstraram grande dedicação e espírito esportivo, representando o Brasil com excelência em uma competição de altíssimo nível”, avaliou Henrique Motta, diretor esportivo da CBG, em entrevista à Máquina do Esporte.
“Este resultado reflete o trabalho árduo de nossos atletas e da equipe técnica ao longo dos últimos anos, como também o comprometimento da nossa instituição em dar o melhor suporte possível para as presentes e futuras gerações, fato esse que vem gerando cada vez mais resultados para nosso esporte”
Entre os homens, o Brasil não disputou por equipes e teve apenas um atleta na final do individual geral da ginástica artística. Diogo Soares ficou apenas em 23º lugar.
A ginástica rítmica, em que era cotado ao pódio na prova por equipes, o Brasil não foi à final. O time nacional sofreu um revés antes das eliminatórias. Victoria Borges, integrante da equipe brasileira, teve lesão na panturrilha no aquecimento, antes de competir. Mesmo machucada, a ginasta participou do conjunto no sacrifício. O Brasil terminou em nono lugar.
Já na disputa individual, a ginástica brasileira pela primeira vez classificou uma atleta para a final olímpica. Bárbara Domingos terminou na 10ª colocação.
Na ginástica de trampolim, o Brasil não foi à final. Camilla Gomes ficou na 15ª colocação nas classificatórias femininas, enquanto Rayan Dutra foi o 12º entre os homens.
Investimento
Atrativa ao mercado pelos bons resultados internacionais que tem colecionado, a CBG é uma das confederações brasileiras com maior quantidade de patrocínios. Para o ciclo de Paris 2024, a entidade contou com acordos com mais de oito empresas. Loterias Caixa, Correios, Vivo, Neutrox, Piracanjuba, Hypera, NewOn e Estácio estão entre os apoiadores do time nacional.
“A CBG conta com diversos patrocinadores em diferentes categorias. Nenhum patrocínio é pontual. Todos [contratos] são de longo prazo, com o objetivo de criar uma conexão mais forte com o mundo da ginástica como um todo”, explica Motta.
“Esses parceiros chegaram com a intenção de ajudar a desenvolver a modalidade no país e trabalhar com excelência, possibilitando à CBG oferecer o melhor para a ginástica de alta performance. Isso inclui o programa de apoio financeiro aos atletas, a realização de eventos nacionais, a participação em eventos internacionais, o apoio financeiro aos treinadores e equipes multidisciplinares e a manutenção da entidade, entre outros”, completou.
Dinheiro público
Além da quantia obtida com seus patrocinadores, que inclui duas estatais (Correios e Loterias Caixa), a CBG também recebe repasses do Comitê Olímpico do Brasil (COB) via Lei Piva, que define que 2% da arrecadação bruta das loterias federais é direcionado ao COB e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
No último ciclo, que foi mais curto por conta do adiamento de Tóquio 2020 devido à pandemia, a ginástica brasileira recebeu R$ 31,1 milhões. Foram R$ 8,4 milhões em 2022, R$ 10,6 milhões em 2023 e R$ 12 milhões em 2024.
A CBG ganhou 5,3% do montante repassado pelo COB às confederações olímpicas, sendo a segunda que mais recebeu, atrás apenas da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, que não ganhou medalha.
“Os recursos da Lei Piva são fundamentais para a preparação olímpica do Brasil. Eles permitem que as seleções tenham acesso às melhores condições de treinamento, infraestrutura e suporte técnico, o que é essencial para a obtenção de resultados de alto nível”, exaltou o diretor da CBG.
“Isso inclui o programa de apoio financeiro aos atletas, a realização de eventos nacionais, a participação em eventos internacionais, o apoio financeiro aos treinadores e equipes multidisciplinares e a manutenção da entidade, entre outros”, contou.
O governo federal também investe no esporte através do Bolsa Atleta, programa que faz pagamentos mensais aos atletas inscritos. O valor recebido por cada esportista varia de acordo com seu desempenho. Todos os 15 atletas que representaram o Brasil na ginástica, artística, rítmica e de trampolim, são bolsistas do programa.
Futuro
De olho em Los Angeles 2028, a CBG ao menos sai de Paris com uma boa notícia: Rebeca Andrade, seu principal talento, ainda deve estar competitiva na próxima Olimpíada, aos 29 anos.
No entanto, também é preciso pensar no futuro da modalidade. Por isso, a entidade pretende manter seus investimentos em programas de base para formação de novos atletas, o que envolve encontrar caminhos para facilitar o acesso à ginástica.
“Para fomentar o esporte e descobrir novos atletas, é essencial continuar investindo em programas de base e em projetos sociais que permitam o acesso à ginástica desde a infância”, destaca Motta.
Na visão do dirigente, esse trabalho inclui investimentos na capacitação dos profissionais ligados aos atletas e no suporte aos esportistas.
“Vamos seguir expandindo nossas ações em centros de treinamento, oferecendo capacitação contínua para treinadores e equipes multidisciplinares, além do suporte integral para atletas em desenvolvimento”, apontou.
“A descoberta de novos talentos depende de um trabalho conjunto entre entidades esportivas, federações estaduais e a CBG, sempre com o foco em identificar e lapidar jovens promessas que possam seguir os passos de atletas como Rebeca Andrade”, concluiu.