Em sua conta no Twitter, Carlos Wizard define-se como empreendedor social e faz questão de destacar a autoria dos livros “Sonhos Não Têm Limite” e “Desperte o Milionário Que Há Em Você!”. Durante o auge da pandemia de Covid-19, o empresário viu seu nome envolver-se em polêmica, por conta de sua, digamos, controversa atuação junto ao Ministério da Saúde, defendendo o tratamento precoce jamais comprovado cientificamente, em uma época em que milhares perdiam a vida em decorrência da doença.
Depois de passar algum tempo distante dos holofotes, Carlos, cujo sobrenome de batismo não é Wizard, mas sim Martins, voltou a estar em evidência na mídia. Desta vez, o autor de “Meu Maior Empreendimento” é acusado de ter dado um calote na Alpargatas, no valor de R$ 266 milhões, pela compra da Topper.
Do auge à decadência
Criada na Argentina em 1975, a marca é uma das mais tradicionais do esporte brasileiro, tendo fornecido os uniformes para a seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1982, 1986 e 1990. Na primeira década deste século, quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já tinha contrato com a Nike, a Topper ainda possuía forte presença junto a grandes clubes.
A marca foi fornecedora do Corinthians em 2002, durante as vitoriosas campanhas do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil daquele ano. Em 2005, esteve ao lado do São Paulo, nas conquistas dos tricampeonatos da Copa Libertadores e do Mundial Interclubes.
Com o tempo, porém, a Topper sucumbiu diante da concorrência de gigantes internacionais, como Nike, Adidas e Puma. Em 2019, ela perdeu contratos com Atlético-MG, Botafogo, Vitória, Náutico, Paraná, Ceará e Figueirense. Nessa época, já estava sob o controle no Brasil da BR Sports, do Grupo Sforza, de Carlos Wizard.
Recentemente, a empresa passou a ser fornecedora de material esportivo para o Sesi Franca, que disputa o Novo Basquete Brasil (NBB), mas viu chegar ao fim a parceria com a Copa do Nordeste para a fabricação da bola “Asa Branca”, que passou a ser da Penalty.
Negócio turbulento
A aquisição da Topper junto à Alpargatas (fabricante das sandálias Havaianas) ocorreu em 2015. O valor cobrado pela antiga dona da marca foi de R$ 86,7 milhões e deveria ter sido quitado em 2018. A empresa resolveu apelar à Justiça, declarando o vencimento antecipado das demais parcelas e ingressando com execução judicial.
Antes de incursionar pelo mercado esportivo, o empresário fez fortuna com o Grupo Multi, que tinha como principal marca justamente a rede de escolas de idioma, cujo nome acabou sendo incorporado ao de Carlos Martins.
Em 2013, a empresa foi vendida à editora britânica Pearson, pelo equivalente a R$ 1,7 bilhão na época. Wizard passou a investir em outras áreas, como a rede Mundo Verde e as operações do Taco Bell no Brasil. Em relação ao esporte, além da Topper, ele também adquiriu da Alpargatas a marca Rainha e tornou-se parceiro de Ronaldo Fenômeno na franquia de escolas de futebol Ronaldo Academy, lançada em 2016.
À época, alguns veículos de imprensa chegaram a se referir a Wizard como o homem que pretendia desbancar a Nike. Passados sete anos desde o início dessa empreitada, é difícil saber se seus projetos no universo esportivo terão continuidade.