O CEO do Comitê Organizador da Copa do Mundo de Rúgbi de 2023, que será realizada na França, foi suspenso do cargo nesta quarta-feira (31) pelo governo francês. Claude Atcher, de 66 anos, é acusado de promover um “clima de terror” entre os colaboradores, além de corrupção, por ter gastado dezenas de milhares de euros ao contratar táxis para uso pessoal.
As acusações contra Atcher tiveram início em junho, após uma reportagem investigativa feita pelo jornal francês L’Équipe. Na reportagem, o periódico destacou queixas de colaboradores, que relataram ataques de pânico, esgotamento e abuso verbal. À época, o executivo negou. No entanto, as acusações levaram a uma investigação por parte do governo, que descobriu também corrupção em potencial.
A ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castera, declarou que o governo “teve que agir rapidamente” após um relatório oficial ter identificado “práticas gerenciais alarmantes” e “infrações de probidade financeira” dentro do comitê organizador. Ela acrescentou que Atcher enfrentaria um procedimento disciplinar que poderia levar à sua demissão.
“O relatório identificou problemas de violação de probidade econômica e financeira, e confirmou um profundo mal-estar social, uma aguda crise de confiança, sofrimento dos funcionários e, portanto, riscos psicológicos e sociais”, acrescentou a ministra.
A suspensão de Atcher foi apoiada pelo World Rugby, entidade máxima da modalidade.
“O World Rugby estava profundamente preocupado com as alegações feitas pela mídia francesa. O bem-estar da família do rúgbi é primordial, assim como os valores de unidade, inclusão e diversão que resumem a Copa do Mundo de Rúgbi, a celebração máxima da união do esporte”, afirmou o World Rugby, em um comunicado oficial.
Julien Collette, vice de Atcher, foi alçado à função como substituto provisório. Enquanto isso, um segundo relatório da Inspetoria do Trabalho da França, que determinará se as práticas gerenciais constituem ou não uma ofensa criminal, foi ordenado e está em andamento. Dependendo do resultado, Atcher poderá ir a julgamento na primeira quinzena de setembro.
O escândalo é apenas mais um envolvendo o rúgbi na França. Bernard Laporte, presidente da Federação Francesa de Rúgbi (FFR) e vice-presidente do World Rugby, enfrenta seis acusações diferentes por conta do relacionamento com Mohed Altrad, dono do clube francês de rúgbi Montpellier Hérault e cuja empresa, o Altrad Group, patrocina a seleção francesa da modalidade.
Laporte é acusado de “corrupção por parte de uma pessoa encarregada de uma missão de serviço público, tráfico de influência, quebra de confiança em detrimento do FFR e tomada ilegal de interesses”. Altrad, por sua vez, está sendo julgado por vários encargos financeiros, incluindo “suborno ativo de uma pessoa encarregada de uma missão de serviço público”.
Por fim, Gilles Simon, vice-presidente da FFR, e Benoit Rover, um associado de Atcher, também estão em julgamento. Todos os cinco negam as diversas acusações.