A ideia surgiu de sua própria experiência de ter jogado basquete nos Estados Unidos durante o ensino médio a partir de uma bolsa de estudos. Jorge de Sá, filho da cantora Sandra Sá, decidiu criar o Departamento de Conexões Esportivas Internacionais (DCEI) em 2018, com um investimento inicial de apenas R$ 900, para promover essa conexão entre estudantes atletas e o acesso a programas esportivos no exterior.
“Trabalhamos para conectar atletas estudantes, entre 11 e 30 anos, com instituições de ensino no exterior através do benefício da bolsa de estudos. Também temos conexões com clubes da Espanha e de Portugal. Esse trabalho, fazemos para todos os esportes”, afirmou Jorge à Máquina do Esporte.
Empreendedorismo
O ex-jogador de basquete, com passagem pelo Flamengo até a categoria juvenil, contou que decidiu buscar uma bolsa de estudos para se aperfeiçoar na modalidade quando tinha apenas 12 anos. À época, pediu para a mãe, cantora famosa, mas que não pôde ajudá-lo, pois estava enfrentando um bloqueio judicial em suas contas.
“Fui em uma agência de intercâmbio, e o valor era de US$ 60 mil. A partir dali, passei a vender revista na escola, ajudei minha mãe como carregador de equipamentos dos shows dela, entre outras atividades. Fiz um monte de coisa em dois anos para conseguir”, recordou.
Três instituições responderam sua solicitação, e ele optou por jogar na Admiral Farragut Academy, em São Petersburgo, nos EUA.
“Fui estudar em uma das melhores escolas da Flórida, da Marinha americana. Superbem-selecionada com a bolsa, moradia, alimentação, estudos, esportes, tudo. Então tive essa experiência”, rememorou.
Valores
Na volta ao Brasil, Jorge atuou como ator, apresentador e comentarista de basquete no Sportv. E percebeu que, além da demanda pelo serviço, havia preços absurdos sendo cobrados no mercado. Segundo ele, as empresas pedem bem acima dos valores praticados pela DCEI.
“Tem muita gente que sei que não tem condição de pagar um valor absurdo, mas organizando e trabalhando, igual eu fiz, consegue pagar um valor menor. Queria conectar instituições lá de fora com esses jovens”, explicou Jorge.
Segundo ele, o DCEI cobra menos que a média do mercado, já que conta com o networking do ex-jogador e operação 90% on-line.
“Minha empresa cobra R$ 18 mil. É um valor bem mais acessível. Conseguimos desenvolver de uma forma que não onera muito. O foco é levar para fora do país quem não é rico, mas também não está em situação precária. Aquela pessoa que tem uma situação mínima e está disposta a se esforçar, tem uma chance”, comentou.
Preparação
O DCEI oferece preparação física, curso de inteligência emocional e aulas de idiomas para a preparação do atleta para sua experiência esportiva no exterior.
“Quando a família sinaliza que tem a intenção de enviar o estudante para fora, ele preenche um formulário, adiciona histórico escolar, nota do Toefl e vídeo jogando. Pegamos esse formulário e enviamos para várias instituições que estão no perfil dele e no desejo da família. Depois de enviado, recebemos as propostas. Temos 30% de bolsa garantido. Ou seja, só com um relacionamento e contatos, já consigo valores 30% mais baratos”, destacou o empresário.
Atualmente, os contatos de Jorge com instituições de ensino do exterior não se limitam ao basquete dos Estados Unidos, no qual atuou durante a adolescência. O DCEI também já enviou alunos para Canadá, Portugal, Espanha, Itália e Sérvia, entre outros países. As principais modalidades em que atua são futebol, basquete e vôlei, mas já houve candidatos bem-sucedidos em outras modalidades, como o futsal.
Processo
O processo entre a contratação da agência e a obtenção da bolsa de estudos demora, em média, um ano. Mas há casos bem mais rápidos.
“Agora estamos resolvendo o caso de dois irmãos. Um vai jogar futebol na Espanha, e outro vai jogar basquete em Nova York. Eles entraram no nosso programa, e estamos resolvendo tudo isso em duas semanas. Eles vão chegar no exterior em um mês. A família queria resolver logo”, relatou.
Jorge ainda contou que já obteve 950 propostas de bolsa de estudos. Nem todos vão. Alguns arrumam time antes de chegar a possibilidade de estudar, e outros desistem. Por fim, também há quem viaja, mas não se adapta ao local em que inicialmente sonhou jogar e estudar.
“Não tenho a estatística exata de quantos vão. Mas acredito que mais ou menos 55% embarcam e ficam”, resumiu.