NFL recebe pressão por relatório sobre assédio sexual no Washington Commanders

Ex-funcionárias do Washington Commanders e parlamentares pressionam a NFL e o comissário Roger Goodell para a divulgação de um relatório sobre o histórico de assédio sexual da equipe e sua cultura sexista e hostil no local de trabalho. Eles afirmam que a equipe e o dono da franquia, Dan Snyder, não foram responsabilizados por seus crimes.

Uma das seis ex-funcionárias que falaram ao Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara também apresentou uma nova acusação de que foi assediada sexualmente pelo próprio Snyder. O empresário nega.

As reclamações sobre o tratamento dado pelo Washington Commanders às funcionárias surgiram em 2020. Snyder encomendou uma investigação sobre o ambiente de trabalho da equipe que foi assumida pela NFL. O trabalho foi conduzido pela firma da advogada Beth Wilkinson e levou a NFL a multar o time de Washington em US$ 10 milhões. Snyder cedeu temporariamente as operações do dia a dia da equipe para sua esposa, Tanya.

Mas a liga não divulgou nenhum detalhe das descobertas da investigação de Wilkinson. Ex-funcionários que se pronunciaram nesta quinta-feira (3) notaram o contraste com a maneira como a NFL lidou com uma investigação sobre as acusações de que o quarterback Tom Brady murchava bolas de futebol americano.

“A investigação sobre a pressão do ar das bolas usadas por Brady terminou e havia um relatório de mais de 200 páginas. Mas a investigação de duas décadas de assédio sexual terminou sem nada. Isso mostra a completa falta de respeito da NFL em relação às mulheres, seus funcionários e, por consequência, ao nosso país”, reclamou Emily Applegate, que trabalhou no departamento de marketing da equipe e disse que era assediada sexualmente diariamente por seu superior direto.

Em 2020, após o assassinato de George Floyd e protestos generalizados sobre o racismo, a equipe abandonou seu antigo nome Redskins em meio à pressão dos patrocinadores para se livrar de um apelido que foi criticado por décadas por ser ofensivo aos nativos americanos. A franquia era conhecida como Washington Football Team até a última quarta-feira (2), quando Snyder anunciou seu novo nome, Commanders.

“Ainda ontem [quarta-feira (2)], o senhor Snyder renomeou sua equipe como Commanders. Com o devido respeito, será preciso mais do que uma mudança de nome para consertar essa cultura errada”, disse a deputada Carolyn Maloney, presidente do comitê.

Tiffani Johnston, que trabalhou para a equipe por oito anos, de 2002 a 2010, como líder de torcida e gerente de marketing, disse ao comitê na quinta-feira (3) que Snyder colocou a mão na coxa dela sem consentimento durante um jantar da equipe e que a empurrou para sua limusine com a mão nas nádegas dela. A ex-funcionária não havia divulgado anteriormente essas acusações à mídia ou aos investigadores.

“Ele deixou a mão no meio da minha coxa até eu removê-la fisicamente”, comentou Tiffani.

Ela descreveu o incidente do lado de fora da limusine de Snyder.

“A única razão pela qual Dan Snyder tirou a mão das minhas costas e parou de me empurrar em direção à limusine foi porque seu advogado interveio e disse: ‘Dan, Dan, isso é uma má ideia‘. Percebi que deveria me afastar de Dan enquanto seu advogado o distraía”, contou.

Em um comunicado divulgado pelos Commanders, Snyder negou todas as acusações.

“Embora a conduta passada na equipe tenha sido inaceitável, as alegações feitas contra mim pessoalmente na sessão de hoje, muitas das quais com mais de 13 anos, são mentiras descaradas”, reclamou o dono da franquia.

“Nego inequivocamente ter participado de tal conduta, a qualquer momento e em relação a qualquer pessoa”, acrescentou o dirigente.

Entre as acusações repetidas na sessão desta quinta-feira (3) está que as mulheres que trabalharam para a equipe foram repetidamente submetidas a toques indesejados e comentários grosseiros; que as líderes de torcida eram cobiçadas por executivos da equipes e clientes, e demitidas por Snyder por causa de sua aparência; e que o departamento de produção de vídeo da franquia, a mando de Snyder, editou secretamente um vídeo de líderes de torcida usando imagens clandestinas de uma sessão de fotos para um calendário.

Não ficou claro se a pressão do Congresso levaria Goodell, que citou a privacidade de ex-funcionários por não divulgar o relatório da investigação, a mudar de ideia ou tomar outras medidas contra Snyder ou a equipe.

Questionado pelo filantropo David Rubenstein durante um evento em Washington, o presidente dos Commanders, Jason Wright, disse que os problemas no local de trabalho da franquia ocorreram antes de sua chegada. Wright é o único presidente de time negro na NFL e destacou a diversidade da equipe que construiu.

“O período dessa mudança de marca e o tempo em que estivemos aqui coincidiram com um tempo de mudanças muito rápidas, profundas e irreversíveis dentro da organização”, afirmou o mandatário.

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