Roger Federer encerra sua carreira nesta sexta-feira (23), na Laver Cup, torneio que criou, depois de duas décadas dominando o tênis e também o marketing esportivo. A última partida será um jogo de duplas ao lado do amigo, rival e parceiro Rafael Nadal. Em sua trajetória, o suíço conquistou 20 torneios de Grand Slam (principal série do calendário do tênis), sendo oito deles na grama sagrada de Wimbledon.
Os números que Federer obteve com contratos de patrocínio não ficam atrás. Ao longo da carreira, o suíço arrecadou US$ 1,12 bilhão, segundo o site Sportico. Desse montante, apenas US$ 130,5 milhões foram obtidos nas quadras. A razão para isso foi a capacidade do tenista de aproveitar a força midiática de sua imagem com parcerias comerciais diversas e investimentos.
Federer cimentou seu destino por meio de duas grandes empresas. De um lado, a Team8, que começou como uma agência de representação de jogadores e, hoje, é uma empresa de esportes e entretenimento, tendo a Laver Cup como seu principal ativo. A empresa, fundada por Federer e seu agente e sócio, Tony Godsick, representa outros tenistas de alto nível desde 2013, como o argentino Juan Martín del Potro e a norte-americana Coco Gauff.
Ao longo dos anos, a atuação da empresa foi se voltando para organização e gestão de eventos até o lançamento da Laver Cup, em 2017. O torneio já é um dos grandes legados de Federer, tanto em nível esportivo quanto empresarial. A competição anual criada em homenagem ao ex-tenista australiano Rod Laver faturou € 29 milhões antes da pandemia em um evento que dura apenas três dias. Só com contrato de TV foram US$ 2 milhões.
Ou seja, a empresa de Federer gradualmente se voltou ao lançamento de um produto de entretenimento, deixando em segundo plano a representação de atletas. Para completar, a ATP concedeu à Laver Cup o status de torneio oficial dando ainda mais possibilidades comerciais para a empresa do suíço nos próximos anos.
Dono de marca
Federer também se tornou um queridinho das marcas por conta de suas conquistas esportivas e a imagem ilibada de pai de família. Um de seus grandes sucessos fora das quadras foi a entrada como sócio na On Running em 2019, com um investimento de US$ 54 milhões.
Na marca de material esportivo, o tenista trabalhou no lançamento de sua própria linha de calçados, chamada The Roger, que já possui modelos para corrida de rua e tênis. O suíço é dono de 3% da empresa, que estreou na bolsa com uma avaliação próxima a US$ 10 bilhões. Ou seja, a participação de Federer já vale € 300 milhões, cinco vezes mais em relação ao seu investimento inicial.
Patrocínios
Federer também construiu parcerias comerciais duradouras. Segundo a revista Forbes, em 2022, ano em que quase não jogou, o suíço faturou US$ 90 milhões graças aos seus patrocínios.
Por muitos anos, ele foi um dos principais embaixadores da Nike. O casamento da marca norte-americana com o tenista parecia inseparável e um dos que melhor funcionou na indústria do esporte até haver o divórcio em 2018. Federer, então, assinou contrato com a japonesa Uniqlo por € 300 milhões pelos próximos dez anos, o que significa € 30 milhões por temporada. O valor representa o triplo do que ele recebia da Nike.
Na Uniqlo, Federer receberá valor fixo durante todo o contrato, mesmo tendo se aposentado antes do fim do compromisso. O acordo com a marca japonesa ainda tem um adendo: não inclui o calçado, ativo que ele negociou com a On Running.
Outros acordos significativos do portfólio de Federer incluem a Rolex como relógio oficial (€ 8 milhões por ano), Möet & Chandon (entre € 6 milhões e € 8 milhões), Barilla (€ 8 milhões), a empresa de telecomunicações Sunrise (€ 7 milhões), a companhia de jatos executivos NetJets (€ 6 milhões), Mercedes-Benz (€ 5 milhões), Lindt (€ 4 milhões), Credit Suisse (€ 2 milhões) e Wilson (€ 350 mil) como raquete oficial.
Além disso, o tenista é o terceiro jogador que mais ganhou prêmios em torneios no ranking da ATP com mais de US$ 130 milhões, mais que o dobro do quarto colocado, o britânico Andy Murray, que obteve US$ 63 milhões. À frente dele estão apenas Rafael Nadal, com US$ 131 milhões, e Novak Djokovic, com US$ 159 milhões.