Confirmada nesta quinta-feira (29) como futura ministra do Esporte, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser afirmou que reverterá a lógica dos investimentos que foram feitos pela pasta no passado. A ideia não é mais priorizar o esporte de alto rendimento, mas realizar políticas públicas que garantam o acesso da população às práticas esportivas.
“Essa é a nossa missão à frente do Ministério do Esporte. Fazer esta revolução, inverter a lógica que sempre colocou como prioridade o esporte de rendimento, o topo da pirâmide de uma suposta estrutura que deveria garantir, na prática, o direito de todos à prática esportiva, previsto na Constituição”, afirmou Ana Moser.
No passado, muito entusiasmado pela realização da Olimpíada e Paralimpíada no Brasil, o foco do Ministério do Esporte foi em investimentos para a preparação da equipe brasileira para os Jogos do Rio de Janeiro 2016. Agora, a ideia é que o acesso ao esporte possa garantir melhor qualidade de vida para a população brasileira, onerando menos o sistema de saúde.
“Nossa proposta será dar prioridade ao atendimento em larga escala, buscar as estratégias, os recursos e as parcerias necessárias para implantar o acesso ao esporte e atividade física em todo o Brasil e para a maior parte da população que possamos atingir”, conta a ministra.
Orçamento
Para que houvesse condição de trabalho para a recriação do Ministério do Esporte, a equipe técnica do governo de transição havia pedido um orçamento mínimo de R$ 1,9 bilhão. O valor foi aprovado pelo Senado, na semana passada, dentro da proposta feita pelo relator do orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI).
“Recebo essa missão em nome de uma causa, que é garantir o direito de todos ao esporte. Este foi o pedido do presidente: fazer uma revolução do esporte na educação, na saúde, nos municípios e na vida de todas e todos os brasileiros”
Ana Moser, futura ministra do Esporte
Para realizar esses objetivos, a ministra espera estabelecer parcerias com outros ministérios, além de diversas esferas de poder e com a participação da sociedade civil na empreitada.
“Minha proposta é buscar a convergência de todos os movimentos do setor de esporte social, pessoas, projetos e ações esportivas. Estabelecer parcerias com a Educação, Saúde, Assistência Social, Segurança Pública”, comenta a ex-atleta.
Experiência
Nascida em Blumenau (SC), Ana Beatriz Moser conquistou, além do bronze olímpico com a seleção brasileira, dois títulos do Grand Prix (competição que antecedeu a Liga das Nações), em 1994 e 1996. Disputou ainda as Olimpíadas de Seul 1988 e Barcelona 1992.
Parou de jogar em 1999, aos 31 anos, após seguidas lesões. Em 2009, tornou-se a quarta brasileira a entrar para o Hall da Fama do Vôlei.
Além da carreira nas quadras, Ana Moser tem larga experiência em gestão esportiva. Em 2001, ela fundou o Instituto Esporte e Educação (IEE), que trabalha com projetos de inclusão por meio de educação física e esporte.
Também integra a organização Atletas pelo Brasil, que luta pela implantação e melhoria de políticas públicas para o esporte.
O IEE já impactou a mais de 6 milhões de crianças e jovens, além de capacitar mais de 55 mil professores em todo o Brasil. Em 2022, a ONG impactou a vida de mais de 15 mil crianças, nos 22 núcleos de São Paulo, Rio de janeiro e Pernambuco e nas cinco cidades que a Caravana do Esporte percorreu.
Com a metodologia baseada no esporte educacional, capacitou neste ano mais de 3.000 professores em vários polos de atuação, em diversos estados brasileiros.
A ideia que norteou seu trabalho na ONG buscará agora ser implementada na recriação do Ministério do Esporte. O setor esteve sob a responsabilidade da Secretaria Especial do Esporte, vinculada ao Ministério da Cidadania, durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro.
“Vamos atender, com o esporte, todas as políticas de atendimento a crianças, jovens e adultos. Fazer o que essa nossa turma tem feito nos últimos 21 anos. Agora com muito mais escala e sustentabilidade”, compara.