A menos de dois anos para o início da Copa do Mundo na África do Sul, o país-sede está cercado de incertezas. Com obras de infra-estrutura e estádios atrasadas, a organização do evento já recebeu um puxão de orelhas público da Fifa, que ventilou a possibilidade de utilizar um plano ?B?. A gota d?água ainda pode estar por vir, mas, enquanto isso, o panorama só piora com o resultado de pesquisas que mostram que 33% da população local não confia no sucesso da empreitada. A afirmação é fruto de uma pesquisa da African Response, empresa de pesquisas de marketing que vem realizando estudos sobre o assunto desde março de 2006. Na última aferição, feita no mês passado, os responsáveis constataram que apenas 67% dos sul-africanos acreditam que o país estará pronto para receber o Mundial, confirmando a tendência de queda encontrada desde o início do ano. O número é o mais baixo desde a segunda edição da pesquisa, de junho de 2006, concluída na esteira do sucesso da Copa da Alemanha. Desde então, as expectativas passaram por uma melhora significativa em 2007, chegando à marca de 76% de aprovação em novembro daquele ano. A aferição reflete o sentimento transmitido pela Fifa no começo de julho, quando o presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter, falou na possibilidade de mudança. A questão da segurança e a falta de infra-estrutura são as maiores preocupações da entidade. Os próprios sul-africanos vão pela mesma linha. Ainda de acordo com a African Response, somente 49% da população crê que o sistema policial do país dará conta do serviço em 2010. Em abril, a pesquisa registrou 55% de aprovação no quesito. Além da segurança, os estádios e a estrutura de abastecimento de energia da África do Sul são alvos de crítica. Apenas 66% (contra 70% da última avaliação) acreditam que os palcos estarão prontos, e somente 35% confiam que a demanda de eletricidade será cumprida, sendo que em janeiro a taxa de aprovação era de 52%. Também caíram no conceito da população local os setores de transporte rodoviário e público (seis e dois pontos percentuais em relação à abril, respectivamente), aeroportuário e de hotelaria (ambos com três pontos). A pesquisa também revelou certa insatisfação com os gastos na organização do evento. Apenas 32% dos entrevistados aprovam completamente os custos da operação, enquanto o restante se divide entre a insatisfação e a neutralidade em relação à discussão. O estudo levou em conta, ao todo, a opinião de 1200 pessoas de Johanesburgo, Pretoria, Cidade do Cabo e Durban, algumas das principais cidades do país.