A partir desta terça-feira, o grupo de jogadores brasileiros convocados para a disputa da Copa América estará completo. Após uma semana de muita polêmica, o atacante Robinho se apresentará ao técnico Dunga na Granja Comary para iniciar os treinamentos. Campeão espanhol com o Real Madrid no último final de semana, o jogador esteve no centro da crise deflagrada entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o clube madrilenho. A troca de farpas, no entanto, não respingou na imagem do atacante. De acordo com especialistas ouvidos pela Máquina do Esporte, apesar da grande exposição que teve com o caso, Robinho saiu ileso do conflito político travado entre a entidade brasileira e o time de Madri. “O clube e a CBF ficaram com a imagem arranhada. O jogador não perdeu nada com isso. Todo o caso foi mal gerenciado e acabou expondo demais o atleta, o que poderia ter sido evitado. Há algum tempo, os jogadores eram mais protegidos. Hoje, eles são colocados na linha de frente e têm que decidir sozinhos o que fazer”, afirma o jornalista Diogo Kotscho, sócio da Comcept Sports Consulting, agência de consultoria esportiva e que tem em Kaká o seu cliente mais estelar. O jogador do Milan teve problemas ao pedir dispensa da seleção, mas o mal-estar foi contornado após conversa com Dunga. “É sempre um dilema para o jogador ficar nesse fogo cruzado. Mas escolher entre participar da conquista de um título, ficar marcado na história do clube, comemorar com os companheiros ou passar uma semana treinando para a Copa América é uma questão de bom senso”, diz. A opinião é compartilhada por José Carlos Brunoro, especialista em marketing e gestão esportiva há mais de 15 anos, que cita a dispensa dos jogadores gremistas para a final da Copa Libertadores da América como a falta de critério da CBF no caso. ?Eu acho essa discussão um pouco difícil. Faltou um baita bom senso. O Robinho poderia se apresentar na segunda-feira, após o jogo do Real Madrid. Por isso eu não entendi essa briga. Os jogadores do Grêmio vão ser dispensados para jogar a Libertadores. Eles poderiam dizer que foi um braço de ferro, que o Robinho tinha que cumprir a determinação. Mas era um caso especial, que poderia prejudicar o próprio Robinho, pois ele tem um contrato com o clube?, afirma o proprietário da Brunoro Marketing Esportivo. No Real Madrid, Robinho recebe 2 milhões de euros (R$ 5,1 milhões) por ano de salário. O clube, acostumado às conquistas, vivia um hiato de títulos que já durava quatro anos. Tempo demais para uma das equipes mais poderosas em termos financeiros do mundo, cujo faturamento anual pode chegar a quase meio bilhão de euros. “A CBF estava baseada em normas da Fifa”, afirma o jurista Luiz Felipe Santoro, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD). “Devido às circunst”ncias, porém, a escolha do Robinho foi correta. Se fosse uma partida no meio do Campeonato Espanhol, ele certamente teria escolhido defender a seleção. Mas a presença dele era importante para o Real Madrid que, afinal, paga o seu salário”, completa.