O automobilismo brasileiro vive um de seus melhores momentos fora das pistas. Apesar de categorias como Stock Car e Fórmula Truck gozarem de prestígio na captação de investimentos e patrocinadores, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) defende que parte dessas receitas seja deslocada para a formação de novos pilotos e profissionais do automobilismo. ?Todos os pilotos das categorias top são profissionais e tem tranqüilidade para viver disso. Mas para chegar na top, tem que passar pela base. Essa é a dificuldade. A CBA não tem apoio e trabalha com aquilo que ela consegue?, diz Paulo Scaglione, presidente da CBA. Segundo o mandatário da entidade, o automobilismo brasileiro registrou um crescimento de 30% na última temporada. Apesar disso, com a falta de investimentos direcionados para as categorias de base, o surgimento de novos pilotos de ponta será prejudicado no médio e longo prazo. ?Nós temos um crescimento que não está localizado nem dirigido para a base. Estamos aproveitando com o que temos. Somente a CBA está preocupada com a base e, se não criarmos essa base, não poderemos questionar o surgimento de um novo Ayrton [Senna], [Nelson] Piquet?, diz Scaglione. Porém, se existe um comprometimento com o surgimento de novos corredores, o mesmo não se pode dizer da formação de profissionais do automobilismo. Ciente da demora na formação desse staff, a entidade trabalha por conta própria nesse processo. ?Nós demoramos cinco anos para ter um diretor de prova e até sete para formar um comissário esportivo. Então já estamos começando a formar esses profissionais, mas também depende de investimentos. Precisamos ter um produto para se apresentar [às empresas]?, completa o presidente da CBA. Mesmo com esse esforço, Scaglione não esconde quem é a principal culpada pelos problemas na captação de novos investidores, principalmente para as categorias de base: a própria entidade. ?Lá fora eu vejo montadoras com propostas de 8,5 milhões de euros e outra com 11 milhões de euros para patrocinar uma categoria. Aqui a gente não consegue 40 mil reais para pagar os troféus. Isso se chama falta de profissionalismo, e a culpa é da própria confederação?, completa. O presidente da CBA, Paulo Scaglione, é um dos participantes do ?I Fórum ABA Esportes: Automobilismo?, cuja organização é da ABA-Rio, em parceria com a agência Brunoro Marketing Esportivo.