A tentativa de “despolitização” dos Jogos Olímpicos de Pequim ficará apenas no discurso. Nesta segunda-feira, o editorial do jornal oficial do governo confirmou a intenção de utilizar o evento para disseminar a cultura e o pensamento chinês ao redor do mundo. “Neste ano, nosso país vai abrigar os 29º Jogos Olímpicos. Isto nos oferece uma excelente oportunidade para colocar a civilização chinesa em evidência e para expandir a influência da linguagem chinesa”, diz o texto publicado no “Jornal do Povo”, mantido pelo Partido Comunista. De acordo com o artigo, a competição será importante para aumentar a influência da China sobre outras nações, além de ressaltar o grande crescimento econômico observado no país nos últimos anos tratando de temas amenos, como cultura e esportes, para passar uma imagem positiva do local. Um dos aliados do país-sede das Olimpíadas é a parceria firmada com 226 instituições em todo o mundo para promover o ensino de mandarim em outros países. O Instituto Brit”nico e a Aliança Francesa fazem parte do programa. Nos últimos meses, representantes do governo e do Comitê Organizador dos Jogos (Bocog) desmentiram sistematicamente o uso do evento para fins políticos. No entanto, desde que Pequim foi escolhida para sediar a competição, ativistas de direitos humanos, artistas e figuras políticas de destaque iniciaram um debate sobre a real situação social dos chineses. “Como com tudo na vida, haverá gente que está de acordo, e gente que não está. Temos o direito de não apoiar algo, mas não teremos o direito de impedir que outras pessoas apóiem”, disse Zhao Huimin, diretor do Departamento de Relações Internacionais do Bocog, pedindo a despolitização dos Jogos na última semana. Na semana passada, a organização Human Rights Watch (HRW, na sigla em inglês), advertiu em comunicado que as autoridades chinesas têm utilizado com freqüência acusações pouco precisas de subversão contra dissidentes e ativistas, reduzindo consideravelmente o respeito aos direitos humanos.