O pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que iria investigar o suposto uso de dinheiro ilegal na parceria entre o Corinthians e o fundo de investimento MSI, foi arquivado nesta quinta-feira no Congresso Nacional. Para a CPI ser instalada, faltaram apenas as assinaturas de três deputados. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) aponta a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como culpa pelo fracasso da tentativa. Segundo ele, a entidade pressionou os parlamentares para que não aprovassem o requerimento. Acusação semelhante foi feita pelo outro idealizador da CPI, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), que voltou a interligar o arquivamento da investigação com a organização da Copa do Mundo de 2014. “Apesar de termos assinaturas mais do que suficientes, a retirada foi em massa. Isso tudo patrocinado pela pressão da CBF. Antes da decisão da Fifa [pela escolha do Brasil como sede da Copa], ele já vinha fazendo pressão para a CPI. Depois de escolhido, passou a pressionar diretamente os governadores que estão disputando quem ficará com as sedes”, atacou o deputado, que ainda completou. “Ele [Ricardo Teixeira] não faz questão nenhuma de esconder isso. O Vanderbergue [Machado, assessor da CBF] que também é assessor do Renan Calheiros estava acompanhando pessoalmente toda a movimentação”. O pedido foi protocolado no dia 30 de outubro e, na ocasião, o documento continha a assinatura de 38 senadores e 209 deputados. O mínimo necessário para a abertura de uma CPI mista é de 171 deputados e 27 senadores. Os dois dizem que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e outros dirigentes lideraram um movimento para barrar a comissão argumentando que ela poderia prejudicar o Brasil na organização da Copa do Mundo de 2014, já que a Fifa não aceita interferência do Estado em assuntos ligados ao futebol. Mesmo com esse cenário, o deputado e o senador aguardaram a oficialização de que o Brasil seria sede da Copa para protocolar o pedido. Além disso, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou no final do mês passado que a investigação por parte do Congresso nada tem a ver com a organização do evento. Mesmo assim, o deputado Silvio Torres demonstrou sua insatisfação com o arquivamento do pedido de abertura da CPI proposta por ele e Álvaro Dias. “No momento eu não penso em outro CPI. Eu vou continuar acompanhando, opinando e, surgindo novos fatos, qualquer parlamentar pode iniciar um processo, e não é difícil aparecerem fatos semelhantes a esses da parceria entre Corinthians e MSI”, finalizou Torres.