A demora está alterando o discurso dos dirigentes do Vasco. Confiantes e tranquilizadores logo após o anúncio do acerto com a Eletrobrás, no dia 10 de dezembro, os cartolas do clube de São Januário passaram a adotar um clima de mistério com o desenrolar vagaroso das negociações. ?Eu não estou muito por dentro disso porque quem está tocando é o comercial. Mas sei que ainda está na dependência de algumas CND?s?, disse José Henrique Coelho, vice-presidente de marketing do Vasco. Na época da oficialização da proposta da estatal, que pretende pagar R$ 14 milhões por ano, o Vasco alegava ter o dinheiro para o pagamento das dívidas em mãos. Sem dar detalhes, os dirigentes mostravam um otimismo, que, è época, já era surpreendente. ?[A dívida] já está toda catalogada aqui, mas eu não tenho permissão para liberar os valores. O que eu posso dizer é que só estamos esperando o posicionamento da Eletrobrás para fazer o pagamento?, disse Luiz Américo, vice-presidente jurídico do clube, na ocasião. A palavra da estatal já veio, mas o acordo não. Com o anúncio prestes a completar dois meses sem desfecho, o Vasco deve ?limpar? sua camisa. Isso porque o contrato com a MRV, que ia até o fim de janeiro, já foi encerrado, o que deveria, em tese adiantar o processo com a Eletrobrás. O panorama é parecido com àquele vivido pelo maior rival, o Flamengo. Acordado comercialmente com a Petrobras, o clube da Gávea também não assinou contrato por falta de documentos que comprovem a ausência de dívidas com o Estado. Os rubro-negros, no entanto, parecem estar mais adiantados, uma vez que já fazem cortes de orçamento que se enquadrem no novo momento financeiro. O contrato anterior, de R$ 16 milhões, será substituído por outro de R$ 14 milhões, processo que afetou o departamento de esportes olímpicos do Flamengo.