No lugar dos uniformes suados, o terno ou o tailleur. Em vez dos gritos dentro de campo ou das quadras, a voz pausada e a fala articulada para convencer um público diferenciado de que é possível alcançar as metas estabelecidas. As analogias que podem ser traçadas entre as histórias de sucesso no esporte e o meio corporativo fazem com que, cada dia mais, nomes consagrados do esporte entrem no mercado de palestras motivacionais. O retorno financeiro e a oportunidade de dar prosseguimento às glórias conquistadas ao longo da carreira são os principais atrativos desse filão de mercado. A opinião é de Gilson Felizola Júnior, sócio da Arena Sports Marketing Esportivo, empresa que atua no ramo há mais de quatro anos e possui em seu portfólio nomes como Zagallo, Bernardinho, Vanderlei Luxemburgo, Lars Grael, Dunga, Carlos Alberto Parreira, Fernanda Keller, Robson Caetano, entre outros. “Muitos ex-atletas vêem nesse mercado a possibilidade de iniciar uma nova carreira, como o Oscar Schmidit, que hoje é um palestrante profissional”, afirma Felizola. “Mas o retorno financeiro, sem dúvida, é o principal atrativo”, completa. O valor de cada palestra oscila entre R$ 8 mil e R$ 60 mil. Para ouvir o maior símbolo da história do basquete masculino brasileiro, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 20 mil. Já o treinador da seleção portuguesa de futebol, Luis Felipe Scolari, cobra R$ 50 mil por palestra. “Cada uma é vendida como um produto diferente. O número de palestras por mês varia de três a treze, dependendo da demanda e da disponibilidade de cada um”, explica o empresário, citando como exemplo o técnico Abel Braga, recém-contratado pela agência, que ainda não conseguiu ministrar nenhuma palestra devido à agenda de trabalho. Felizola ressalta que os principais requisitos para o bom desempenho como palestrante são uma história de sucesso profissional com autenticidade e credibilidade, além de facilidade de comunicação. Porém, alerta que nem toda trajetória esportiva consagrada poderá obter os mesmos êxitos no mercado corporativo. “Alguns esportistas se iludem com o meio. O fato de ser um grande atleta não significa que será um grande palestrante”, conclui. A procura pelos esportistas de sucesso tem feito, também, com que novas empresas decidam investir nesse mercado. Recentemente, a Agência Produtora passou a contar com celebridades do mundo esportivo em sua lista de clientes. Rogério Ceni e Hortência são os dois maiores expoentes desse grupo. Essas empresas geralmente trabalham “no risco” com os palestrantes. Elas fazem o trabalho de captação e, em troca, recebem uma porcentagem sobre o valor do cachê cobrado para a realização da palestra.