Os estádios de futebol do Brasil estão abaixo dos padrões internacionais. Foi isso que apontou um relatório apresentado na última quinta pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) à Comissão de Turismo e Desporto da C”mara dos Deputados. O documento foi elaborado após inspeção visual realizada em 29 campos, em 17 capitais e na cidade de Santos (SP). A exposição do relatório fez parte de uma série de audiências públicas, iniciadas na última quinta-feira. O objetivo é discutir as condições dos estádios brasileiros, depois do acidente no estádio da Fonte Nova, em Salvador, quando parte da arquibancada caiu, com sete vítimas fatais e pelo menos 30 feridos. Uma preocupação dos deputados federais é referente às medidas que precisam ser tomadas até a Copa do Mundo de 2014. Nem os quatro maiores estádios (Maracanã, Mineirão, Morumbi e Pacaembu) escaparam das avaliações ruins. De acordo com o arquiteto Carlos de La Corte, que fez tese de doutorado sobre o assunto, eles estão fora dos padrões de conforto e segurança internacionais. O especialista avaliou que de 20% a 30% dos critérios adotados pelos estádios brasileiros foram elaborados a partir de normas e da literatura internacional sobre o assunto. De acordo com ele, as arenas européias foram reformuladas nos últimos 20 anos e a tendência é demolir e reconstruir os estádios irregulares. Como a origem apontada para o problema é a falta de normas arquitetônicas, além do abandono das estruturas, o arquiteto sugere a criação de um órgão fiscalizador nacional, a emissão de certificados de qualidade dos estádios, o treinamento de monitores de segurança, a responsabilização pela partida do clube que tem o mando de jogo e a retirada da polícia dos estádios. Outra crítica feita aos estádios pelo ex-coordenador da Comissão Paz no Esporte e integrante do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, foi a superlotação, além das dificuldades de acesso às escadas e saídas, o que pode gerar tragédias. Ele destacou também o amadorismo na organização dos jogos. O coordenador da Comissão de Ética e Exercício Profissional do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Fernando Luiz Beckman, afirma que os engenheiros e arquitetos brasileiros podem implementar as mudanças necessárias nos estádios do país. Além disso, ele destacou que é preciso elaborar laudos a cada cinco anos, no máximo.