Um acordo histórico. Foi assim que Fifa e Uefa anunciaram a carta de intenções assinada pelos presidentes das duas entidades, Joseph Blatter e Michel Platini, e por dirigentes dos principais times da Europa que decretou o fim do G-14, grupo que reunia as grandes potências do futebol europeu. Famoso por levantar a bandeira da independência, o G-14 será substituído pela Associação de Clubes Europeus (ECA), cuja criação será oficializada no dia 21 de janeiro. “É uma decisão que irá movimentar o futebol da Europa no sentido político. O G-14 tinha import”ncia supra-política no continente, uma vez que não contava com nenhuma ingerência da Uefa”, afirma Amir Somoggi, responsável pelo setor de novos negócios da Casual Auditores. A abrangência do novo grupo é tratada com cautela pelo especialista. Para Somoggi, a ampliação de 18 para 100 clubes sob a tutela da ECA pode significar o enfraquecimento do poder dos times na hora de fazer reivindicações. “Com mais clubes, o poder fica fragmentado. A expansão dessa associação representa o enfraquecimento de grupo. Nesse meio, serão poucos os clubes com muito poder”, avalia o especialista. O argumento de Somoggi é fundamentado na retirada, por parte dos clubes, das antigas demandas judiciais contra a Uefa. A principal delas é referente à cessão dos jogadores para as seleções nacionais. Os clubes queriam exigir uma compensação financeira para continuar liberando seus atletas. Para conseguir a assinatura dos dirigentes, Uefa e Fifa se comprometeram a, no futuro, assegurar esse retorno financeiro aos times. O acordo também deve colocar um ponto final nas ameaças da elite do futebol europeu à Liga dos Campeões da Uefa. O grupo ameaçava, há anos, boicotar a principal competição interclubes da Europa. Apesar da aparente calmaria com Fifa e Uefa, Somoggi não acredita que haja uma mudança significativa nos ideais que uniram os principais clubes da Europa. “Mesmo que seja apenas no discurso, que pode ser menos ríspido, me parece óbvio que o novo grupo irá levantar a mesma bandeira da independência”, destaca Somoggi. Ajax, PSV (Holanda); Barcelona, Real Madrid (Espanha); Liverpool, Manchester United (Inglaterra); Olympique de Marselha, Paris Saint-Germain (França); Internazionale, Milan, Juventus (Itália); Bayern de Munique, Borussia Dortmund (Alemanha); e Porto (Portugal) foram os fundadores do G-14, criado em 2000. Dois anos depois, Arsenal (Inglaterra), Bayer Leverkusen (Alemanha), Lyon (França) e Valencia (Espanha) se uniram ao grupo.