Até o início do mês de setembro, o futebol das mulheres brasileiras vivia na incerteza. O Brasil estava preparado para disputar mais uma Copa do Mundo, tendo grandes jogadoras no time e candidato a fazer um bom papel. Só que, à exceção do time nacional, não havia mais nada sobre o esporte no país. Hoje, poucos dias após a conquista do vice-campeonato mundial, as meninas brasileiras se deparam com a promessa da organização de dois campeonatos nacionais de futebol, que deverão competir entre si por verbas e por mídia para reconhecimento e, principalmente, sucesso. Um deles fará parte do “Programa Futebol Mulher”, desenvolvido pela agência de marketing esportivo J.Cocco. Além de um torneio, o projeto visa popularizar a modalidade no país, criando um envolvimento de todas as regiões do Brasil. O outro projeto é a Copa Brasil Feminino, criada pela Confederação Brasileira de Futebol, entidade responsável pelo futebol das mulheres no país. Entre as duas propostas, a mais adiantada é a da agência. Nela, cada estado participante deve ter quatro equipes, com exceção de São Paulo, que teria 16, totalizando 72 participantes. Cada um dos times levaria o nome da cidade e teria 11 atletas profissionais. O restante do elenco seria de jogadoras formadas em escolhinhas de futebol da região. ?O programa é algo muito maior que um simples torneio. O nosso objetivo é perenizar o futebol feminino, assim como já fizemos com o voleibol no passado. Nós cometemos alguns erros que não faremos dessa vez, como batizar as equipes com o nome dos patrocinadores. Queremos que seja criada uma identificação com as cidades?, afirma José Estevão Cocco, proprietário da J.Cocco. Apesar de não atrelar empresas ao nome das equipes, a agência disponibiliza cinco cotas de patrocínio ao mercado. O objetivo é que essas parcerias ajudem a viabilizar o projeto, que tem um custo de R$ 35 milhões. Duas companhias estão em fase adiantada de negociação para se juntar ao programa, segundo o executivo. ?Nós trabalhamos com uma base bruta de salário de R$ 5 mil. As atletas estarão divididas em quatro categorias e cada time poderá receber um número determinado de jogadoras por classe. Na classe A, por exemplo, a jogadora receberá mais de R$ 5 mil. Na classe D, receberá menos?, explica Cocco. A intenção do proprietário da J.Cocco agora é conseguir a chancela da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para o Futebol Mulher. Caso a entidade não dê o seu aval, a agência realizará o projeto em parceria com o Sindicato de Atletas Profissionais. A CBF, porém, deverá dar força apenas para a sua Copa do Brasil Feminino, cuja competição foi apresentada pela entidade na última semana, quando o time nacional avançou para a final da Copa do Mundo. ?Daqui a uma semana não vai ter mais ninguém falando do futebol feminino, então não adianta ficar fazendo as coisas na empolgação. Antes não tínhamos nenhum, agora temos 40. Se a gente for organizar um campeonato, será um só?, diz Rodrigo Paiva, porta-voz da CBF. A Máquina do Esporte apurou, porém, que uma reunião pode acontecer em Brasília, nesta terça-feira, envolvendo o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. No encontro, a discussão sobre um campeonato único poderia entrar em pauta.