A rivalidade que caracteriza o meio esportivo não dita as regras quando o assunto é o envolvimento das estatais com o esporte. Por uma recomendação do governo, feita por meio de uma coordenadoria de patrocínios, essas empresas devem direcionar seus investimentos a modalidades diferentes, para que cada uma tenha sua fatia de dinheiro público. A orientação faz parte de uma estratégia de atuação que visa garantir as mesmas condições de desenvolvimento a esportes variados. A revelação foi feita pelo gerente nacional de relacionamento da Caixa Econômica Federal, Gerson Bordignon, no seminário “Debates Capitais”, promovido pela revista Carta Capital e organizado pela Brunoro Marketing Esportivo na última segunda-feira. “Agimos assim porque o investimento privado não é forte. Então, o Banco do Brasil trabalha com o vôlei, a Petrobras com o handebol, e nós, da Caixa, investimos no atletismo e na ginástica”, afirmou Bordignon, depois de assegurar que essa é a única interferência política no trabalho das empresas. A conduta pluralista também explica a preferência das estatais pelo apoio a entidades esportivas e não a atletas específicos. Para o gerente de patrocínio da Petrobras, Claudio Thompson, a própria condição de órgão público faz com que as empresas optem por não estarem vinculadas a nomes, mas sim a causas esportivas e, ao mesmo tempo, sociais. “Por uma decisão particular, a Petrobras não patrocina pilotos ou atletas individualmente. Da mesma forma que não patrocinamos lutas ou artes marciais, já que não queremos associar nossa marca a esse tipo de prática”, disse o representante da estatal. As duas empresas utilizam o patrocínio esportivo como uma ferramenta de marketing eficiente para a propagação dos valores das companhias e na consolidação de seus conceitos perante o público e a mídia. “Em 2003, fizemos uma pesquisa que revelou que a Caixa era vista como uma mulher velha, descabelada, gorda. Uma “baranga”, enfim. Três anos depois, o mesmo estudo nos mostrou uma nova percepção. Continuamos com a imagem feminina, porém somos como uma mulher alegre, acolhedora, delicada, que gosta de esporte e que pode fazer várias coisas ao mesmo tempo”, concluiu Bordignon, citando a analogia como uma das provas do rejuvenescimento da marca após a ligação com o esporte.