A forma como foi realizada a comercialização dos ingressos e o volume de pessoas interessadas transformou os ingressos para os Jogos Olímpicos de Pequim em artigos de grande desejo em todo o mundo. Por conta disso, os interessados em acompanhar o evento in loco podem pagar até US$ 40 mil (R$ 74,4 mil) por apenas uma entrada. A cifra astronômica é pedida por cambistas para um ingresso para a Cerimônia de Abertura das Olimpíadas. Porém, modalidades tradicionais, como o basquete masculino, o atletismo, e até mesmo o tênis de mesa (um dos esportes preferidos dos chineses) têm entradas com preços dez vezes maiores no mercado paralelo. Os cambistas, aliás, já encontraram na Internet uma valiosa ferramenta para a realização de negócios, não só com chineses, mas também com os milhares de turistas esperados durante os Jogos. No portal Ganji.com, ingressos que custam originalmente entre US$ 100 e US$ 150, podem ser comprados por US$ 2 mil. ?Se você não for financeiramente forte, nem me incomode?, diz a mensagem de um dos cambistas, que vende ingressos para a prova de 110 metros com barreiras, que têm no ídolo chinês Liu Xiang uma grande esperança de medalha. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos (Bocog) está ciente da enorme procura e das dificuldades que o torcedor encontra para colocar a mão em um ingresso, mesmo com a carga total de sete milhões de entradas. Mesmo assim, os responsáveis não parecem se incomodar tanto com essa situação. “O nível de interesse pelos ingressos está incrível. É muito mais do que nós vimos nas últimas três Olimpíadas”, comemora Jeffrey Ruffolo, porta-voz do Bocog. A estratégia adotada para comercialização dos ingressos consiste na reserva de 75% da carga total para o mercado interno e o restante para os cerca de 500 mil turistas esperados. Mesmo com uma grande oferta para os chineses, a procura foi maior, o que resultou em duas loterias para a compra dos ingressos, beneficiando menos pessoas do que o esperado.