Salários atrasados, dispensa de jogadores para evitar briga judicial, entra-e-sai de treinadores, antecipação de receitas. Em 2006, o torcedor palmeirense se acostumou a ver, além de uma atuação pífia de sua equipe dentro de campo, uma turbulência incomum na direção do clube. Sob comando de Affonso Della Monica, o clube perdeu os eixos na gestão administrativa. Tanto é que, em 2006, o Palmeiras fechou o ano com um prejuízo de R$ 37 milhões, o maior entre os clubes que mais arrecadam no país. Os números foram divulgados no balanço financeiro publicado pelo clube em 31 de março passado no Diário Oficial do estado de São Paulo. O resultado é o pior obtido pelo Palmeiras nos últimos anos e, sob gestão Della Monica, representa um aumento de quase oito vezes do déficit do ano anterior, que havia sido de pouco mais de R$ 5 milhões. Os reflexos das dívidas acumuladas são sentidos atualmente. Neste ano, o lateral-direito Paulo Baier deixou o clube após um acordo por ficar sem receber pelos direitos de imagem. Para evitar uma debandada geral, o clube teve de recorrer a empréstimos de seus parceiros comerciais para conseguir cumprir algumas dívidas, algo que já ocorria desde 2006. No ano passado, o Palmeiras precisou pegar emprestado da Federação Paulista de Futebol R$ 10 milhões. O dinheiro é referente a parte das cotas de televisão do Campeonato Brasileiro de 2007 e todo o valor do Paulistão deste ano. Com isso, o clube comprometeu o recebimento de receitas para a atual temporada. Ao todo, a receita com direitos de televisão é de cerca de R$ 22 milhões. Para 2007, porém, o clube deverá receber apenas metade desse valor. Isso tem feito com que a necessidade de recorrer a parceiros continue. Nas últimas semanas, a Globo foi fiadora do Palmeiras num empréstimo usado para pagar salários atrasados. Com uma política de investir no time de futebol, a diretoria palmeirense acabou fazendo com que o departamento se tornasse o maior vilão no balanço financeiro do clube. Em 2006, apesar de o futebol ter sido responsável pela arrecadação de R$ 55,2 milhões, a operação resultou num déficit de R$ 7,04 mi, cerca de R$ 400 mil a mais do que o prejuízo da área social. Dentro do futebol, o salário de atletas continua a ser o maior vilão. O clube gastou cerca de R$ 32,5 milhões apenas no pagamento de salários e direitos de imagem aos jogadores. Além disso, a demissão de treinadores (foram cinco ao longo da temporada) resultou num gasto exorbitante em negociação de direitos contratuais. As multas pagas a Emerson Leão e Tite resultaram em gastos de R$ 3,9 milhões. O valor do rombo só não foi maior porque o clube conseguiu negociar alguns jogadores, como o volante Correa, gerando uma receita de R$ 10 milhões na venda de atletas. Além disso, em 2006 o Palmeiras fechou um acordo com a Adidas para o fornecimento de uniforme, fazendo com que a receita de patrocínio aumentasse em cerca de R$ 1 mi.
Palmeiras tem R$ 37 mi de prejuízo
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