Uma série de cartas assinadas por cerca de 15 sócios não assusta o Palmeiras, que pretende colocar, neste sábado, um fim aos últimos entraves burocráticos internos que ainda impedem o início das obras da nova Arena Palestra Itália. Os documentos, que levantam uma série de supostas irregularidades na convocação para a assembléia geral, têm conteúdo contestado pelo departamento jurídico do clube, que vê o ato como tentativa de ?tumulto?. O encontro do fim de semana tem dois pontos-chave. Em um primeiro momento, os sócios votarão uma mudança no estatuto que permitirá a cessão dos direitos de superfície do Palestra Itália a alguma instituição que não seja o Palmeiras. Em caso de aprovação, a assembléia geral decidirá, na seqüência, se autoriza que a WTorre seja essa concessionária. Os insatisfeitos dizem que uma mudança no estatuto não pode ser colocada em prática logo após sua aprovação, como pretende a diretoria do Palmeiras, argumentando que ela precisa primeiro ser referendada formalmente. Dessa forma, a alteração na regra do clube teria de ser assunto único em qualquer reunião. As alegações chegaram às mãos de Seraphim Del Grande, presidente do Conselho Deliberativo, na última quarta-feira, e foram descartadas menos de um dia depois. Com o intuito de resguardar-se juridicamente, o Palmeiras consultou, além dos seus especialistas, o departamento jurídico da WTorre, parceira no projeto, e uma terceira empresa. ?Todos foram un”nimes em dizer que é possível fazer a reunião. A interpretação é que o estatuto não conta com nenhum veto nesse sentido. Se você faz uma assembléia e faz a reforma estatutária é um contra-senso convocar outra reunião só por burocracia?, disse Gilberto Cipullo, vice-presidente de futebol do Palmeiras. Os sócios insatisfeitos têm a possibilidade de levar a pendência à Justiça, o que poderia atrasar ainda mais o processo de reforma do Palestra Itália. Roberto Frizzo, um dos líderes da oposição, alega que a atitude foi involuntária e diz não saber o que vai acontecer depois de sábado. ?Foi um grupo de sócios que entendeu que aquela convocação continha imperfeições técnicas que podiam transformá-la em uma coisa anulável. Eu, particularmente, não entendo a pressa da diretoria, acho que poderíamos debater mais sobre o assunto, mas não sei dizer se esse pessoal vai levar isso para a Justiça depois?, disse o conselheiro. A situação prefere não criar um problema político, mas entende que os protestos são uma tentativa de complicação do processo. A semelhança entre os documentos, inclusive, corrobora esse pensamento. ?Foram quatro ou cinco cartas, todas com o mesmo texto. A gente respeita a opinião, mas entende que é uma tentativa de tumulto?, concluiu Gilberto Cipullo.