Um divisor de águas. A terceira edição dos Jogos Parapan-Americanos deve marcar uma nova fase para o esporte praticado por atletas com deficiências no continente. Pela primeira vez na história, o evento é realizado na mesma estrutura e imediatamente após a disputa da competição matriz, assim como acontece nas Olimpíadas. Em 1999, o Pan foi disputado em Winnipeg, no Canadá. O Parapan, por sua vez, aconteceu na Cidade do México. Já em 2003, enquanto a vertente pan-americana foi organizada por Santo Domingo, na República Dominicana, a versão parapan-americana foi realizada meses depois na argentina Mar del Plata. Para mudar o conceito do Parapan, o Governo Federal investiu R$ 60 milhões na adaptação da infra-estrutura do Pan, encerrado no dia 29 de julho, às carências dos 1,3 mil esportistas que estão no Rio de Janeiro para os Jogos. ?Os Jogos Parapan-Americanos, assim como os Jogos Pan-Americanos, serão um marco na história do esporte brasileiro. O Co-Rio realizará os Jogos Parapan-Americanos com o mesmo espírito com que realizou os Jogos Pan-Americanos. Tenho certeza de que ele será um sucesso?, disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Co-Rio, comitê organizador dos eventos. Com um aporte de R$ 3 milhões da Caixa Econômica Federal, detentora da cota exclusiva de patrocínio, o evento tem o ineditismo da fórmula e a superação dos atletas como principais características. À parte do contrato com o Co-Rio, o banco ainda mantém um programa exclusivo de apoio aos competidores que possuem deficiências. Neste ano, 15 atletas e um atleta-guia receberam o auxílio, dividido em três faixas: R$ 2,6 mil, R$ 3,2 mil e R$ 5 mil. De acordo com a Caixa, esses programas têm critérios de seleção objetivos e têm como meta a obtenção de resultados nos Jogos Parapan-Americanos e o preparo do Brasil rumo às Paraolimpíadas de Pequim 2008. O presidente do Comitê Paraolímpico das Américas (CPA), o brasileiro Andrew Parsons, diz que também já é uma realidade os atletas terem patrocínios individuais, de empresas privadas. Segundo ele, ainda há mais dificuldades para os atletas com deficiência conseguirem patrocínio do que os atletas sem deficiência. “Não há uma consciência plena no meio empresarial brasileiro que o esporte paraolímpico pode trazer retorno e como fazer ele dar retorno?, afirmou o dirigente à “Agência Brasil”. O Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) também mantém uma bolsa de incentivo para aqueles que não conseguiram nenhum outro tipo de apoio, no valor de R$ 1 mil mensais. Além disso, existe o repasse da Lei Piva, que obriga que sejam destinados 2% de toda a arrecadação da Loteria Federal com venda de apostas para instituições ligadas ao esporte olímpico e paraolímpico. O CPB recebe 15% do total arrecadado, o que corresponde entre R$ 12 e 14 milhões por ano.