Cinco meses após a aposentadoria de Gustavo Kuerten, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) se mobiliza para dar continuidade ao processo de disseminação da modalidade iniciado pelo ídolo na década passada. Na tentativa de atrair adeptos e garimpar novos talentos, a entidade voltou suas atenções para a base e criou o programa ?Jogue Tênis nas Escolas?, cujo objetivo é a formação de jovens tenistas entre 5 e 14 anos. Até o fim deste ano, a CBT irá apenas chancelar as escolas que irão participar do projeto em São Paulo. Atualmente, 44 unidades de ensino ? que já tinham o tênis como atividade extra-curricular – estão cadastradas na capital paulista. A partir de 2009, porém, a ação será ampliada para outras cidades do país com mais de um milhão de habitantes. ?Essa iniciativa é de “mbito nacional. Teremos 14 capacitadores espalhados pelo Brasil para atender à demanda e dar apoio a todos os municípios interessados em receber o programa, mesmo em cidades menores?, afirma Airton Santos, coordenador do projeto, citando Ilhéus, na Bahia, como uma das que já se manifestaram para receber a ação. Em um primeiro momento, as crianças aprenderão as noções básicas do esporte nas escolas. Depois, elas serão encaminhadas às ?células receptoras? ? clubes localizados perto dos colégios ? para outra fase do aprendizado. Durante essas etapas, a CBT irá promover festivais e torneios inter-escolares, onde haverá uma equipe de observadores para selecionar potenciais futuros tenistas. Os ?eleitos? serão apoiados financeiramente pelo programa de detecção de talento da Solidariedade Olímpica, fundo ligado ao Comitê Olímpico Internacional (COI). O primeiro Festival de Tênis está marcado para o dia 25 de outubro no Clube de Regatas do Tietê, sede da CBT. ?A chave deste programa é a transição das crianças das escolas para as quadras de tênis. É necessário que haja continuidade do trabalho iniciado nas escolas. Daí a import”ncia de somente chancelarmos o programa em escolas que tenham uma célula receptora para atender os alunos provenientes do programa?, destaca Cesar Kist, diretor de capacitação da entidade. Ainda sem estimativas do total de gastos, o projeto conta com o apoio dos Correios ? patrocinador oficial da CBT ? e recebe auxílio financeiro da Solidariedade Olímpica. Toda a formatação de investimentos será feita após o término do projeto piloto em São Paulo. ?Na verdade, recebemos um resíduo do último quadriênio [do fundo do COI] que vai pagar os custos dessa primeira fase. Estamos pleiteando uma verba maior para o ano que vem, mas ainda não temos idéia de valores?, explica Santos. O empenho da CBT em investir nas categorias de base pode ser explicado, em parte, pela queda brusca nos números do mercado do tênis desde que Guga anunciou o fim de sua carreira. No auge do tenista, a entidade chegou a registrar 11 mil atletas federados. Atualmente, são nove mil. O número de quadras também caiu de dez mil para oito mil nos últimos anos, segundo dados publicados na sexta edição da Revista Máquina do Esporte. Esportivamente, o país também enfrenta uma série de maus resultados no circuito internacional. O tenista brasileiro mais bem colocado no ranking mundial é Marcos Daniel, que ocupa o 62º lugar nesta semana. Thomaz Bellucci, outra promessa do tênis brasileiro, é apenas o 80º colocado.