O atacante Robinho não foi importante para o Santos apenas nas conquistas dos títulos de 2002 e 2004 do Campeonato Brasileiro. A transferência do jogador para o Real Madrid, por 30 milhões de euros (R$ 78 milhões), também foi responsável por um grande salto de arrecadação do clube em 2005. Sem manter o mesmo nível nas negociações, o clube viu seus índices despencarem no ano passado. As receitas, que em 2005 foram de mais de R$ 135 milhões, caíram para R$ 54,6 milhões em 2006. O superávit, que na época em que foi contabilizada a negociação de Robinho chegou a surpreendentes R$ 63,1 milhões, se transformou em um déficit de R$ 21,8 mi no último relatório realizado pela Casual Auditores Independentes. ?Apesar de aumentar suas receitas operacionais e patrocínio, o Santos fugiu da curva quando vendeu o Robinho. O valor da negociação acabou diferenciando. Mas no último ano teve um grande problema. Enquanto a receita despencou, da ordem de 59,8%, a despesa, que já era alta, saltou de R$ 72 milhões para 76,4 milhões?, explica Amir Somoggi, da Casual Auditores Independentes. Segundo o especialista, para contornar a situação, o Santos necessita criar novas fontes alternativas de renda que não dependam diretamente da negociação de jogadores. ?O Santos, como os demais clubes, precisa estruturar o negócio em torno da sua marca para não depender de um Robinho ou de qualquer outra atividade desportiva para ganhar dinheiro?, completa Somoggi. Mesmo com a opinião do especialista da Casual, o gerente de planejamento, projetos e negócios do clube paulista, Dagoberto dos Santos, diz que os jogadores são peças fundamentais dentro do processo de arrecadação no futebol brasileiro e defende mudanças para impedir transferências precoces dos principais ídolos do país. ?A minha preocupação não é analisar os efeitos e sim as causas. Por que não conseguimos os mesmos patrocínios que os clubes de fora, por exemplo? Porque lá fora tem mais qualidade. Os nossos melhores jogadores estão na Europa. Então essa visão de negócio que precisa ser mudada, senão o espetáculo no Brasil vai perder cada vez mais a sua qualidade?, dispara o dirigente.