Depois de completar dez anos de criação da Lei Pelé, o futebol brasileiro ainda está bem longe de poder ser comparado ao europeu. Para se ter uma idéia, todos os clubes do país arrecadaram, juntos, nos últimos quatro anos, R$ 3,5 bilhões, o que significa cerca de R$ 875 milhões por ano. Toda essa verba, que considera transmissões de televisão, venda de jogadores, patrocínios e venda de ingressos, entre outras receitas, não chegou nem perto do Real Madrid, o clube mais rico do velho continente, que, sozinho, arrecada cerca de 351 milhões de euros (R$ 944 milhões) por ano. Outra comparação que deixa evidente a grande diferença entre a forma como o futebol é tratada no Brasil e na Europa é o total de movimentação registrado em 2006. Os clubes brasileiros movimentaram cerca de R$ 1,2 bilhão, sendo que quase 85% desta receita vêm dos cofres das 20 principais equipes. Enquanto isso, os europeus chegaram a um total de oito bilhões de euros (R$ 21,5 bilhões), segundo a Casual Auditores Independentes, empresa especializada em entidades esportivas. Em entrevista dada ao jornal “Gazeta Mercantil”, um dos sócio da Casual Auditores Amir Somoggi explicou que a economia do futebol brasileiro se mantém na compra e venda de jogadores, enquanto que na Europa, os clubes lucram mais com planos de marketing que fortalecem sua própria marca. Segundo ele, ações como estas são apenas lampejos no Brasil. Apesar disso, pode-se notar uma evolução na arrecadação de receitas no país. Entre 2003 e 2006, os maiores times nacionais tiveram 10% de crescimento ao ano em relação a transmissões de televisão, 16% no que se refere à negociação de jogadores e 20% na venda de ingressos. No patrocínio, o aumento foi ainda maior: 40%. “Há, sim, uma modernização desorganizada e pontual. Não é algo resultante de planejamento. Em todo caso, há uma tendência de crescimento”, afirmou Somoggi. Um bom exemplo dessa profissionalização é o São Paulo, que lançou, na última segunda-feira, uma linha em parceria com a Warner Bross. com cerca de 250 itens, lucrando R$ 3 milhões, além dos adicionais de acordo com o ritmo de vendas. Além disso, um investimento no Estádio do Morumbi, colocando mais camarotes, novos setores VIP e aumentando o espaço para venda de publicidade, gerou uma arrecadação maior com show. O aluguel do local, que antes girava em torno de R$ 170 mil, passou para R$ 1 milhão. Em 2007, o lucro líquido do clube com sua “casa” foi de R$ 7,6 milhões.