No fim de 2008, quando começou a conversar com empresas sobre qual marca colocaria em seu uniforme para esta temporada, o São Paulo aventou uma hipótese que na época parecia remota: tricampeão brasileiro, o time do Morumbi falava em disputar o Estadual sem um patrocínio. O plano foi divulgado antes mesmo de um acirramento nas relações com a Federação Paulista de Futebol, fato que levou a diretoria tricolor a cogitar escalar apenas reservas no torneio. Em vez de razões políticas, prevalecem a intransigência da cúpula do clube e uma estratégia do departamento de marketing. Uma análise mercadológica realizada pelo São Paulo no ano passado concluiu que um patrocinador master deveria desembolsar R$ 30 milhões para associar sua marca ao time ? a LG, que tinha contrato até 31 de dezembro de 2008, pagava R$ 16 milhões. Desde então, a diretoria resolveu bater o pé por esse montante. O problema é que houve uma retração do mercado no fim do ano passado, intrinsecamente ligada à crise financeira internacional. E nenhuma proposta próxima da expectativa chegou às mãos da equipe paulista. Diante da intransigência da diretoria sobre o valor a ser amealhado com o patrocínio principal em 2009, o departamento de marketing do São Paulo começou a trabalhar com a possibilidade de utilizar o uniforme ?limpo? durante algum tempo a fim de incitar empresas a procurar o clube. Essas duas idéias convergentes ganharam força quando o São Paulo rompeu com a Federação Paulista de Futebol. O presidente da entidade, Marco Polo del Nero, foi o responsável pela deflagração de uma polêmica que afastou o árbitro Wagner Tardelli do último jogo da equipe tricolor no Brasileiro, contra o Goiás, um dia antes de a bola rolar. O Paulista estava desvalorizado. O São Paulo não estava satisfeito com as propostas que havia recebido ? o clube possui algumas conversas em andamento, mas não admite que nenhuma delas tenha estágio avançado. Isso levou a diretoria a encomendar da Reebok, fornecedora de material esportivo, um lote de camisas sem patrocínios ? além da LG, a Fast Shop, que aparecia nas mangas, deixará de se associar à equipe. ?Vamos jogar o Paulista sem patrocínio, e isso tem duas implicações imediatas: muita gente vai gostar de ver o manto sagrado sem marcas, limpo, e as empresas saberão que a parceria com a LG acabou. Como houve uma conversa até o último momento, algumas pessoas podem não ter sido comunicadas sobre esse desfecho?, relatou Adalberto Baptista, diretor de marketing da equipe do Morumbi. A partir do ?aviso? sobre o término do acordo com a LG, o São Paulo espera despertar em outras empresas o interesse de investir mais no clube. Segundo Baptista, a diretoria não cogita concessões no planejamento feito em 2008: ?Trabalhamos com os mesmos valores. Não há promoção ou mudança nesse sentido?. A idéia do São Paulo é que a ausência de patrocínios incremente a venda de camisas. Essa é a aposta da diretoria para repor o dinheiro que o clube perderá durante os meses em que atuará sem patrocínio ? na Copa São Paulo de Juniores, a equipe já tem usado camisas ?limpas?. Contudo, a busca por um patrocinador master não é o único foco do departamento de marketing do São Paulo. O clube também trabalha para fechar seis acordos menores, com os quais a diretoria espera juntar algo próximo dos R$ 16 milhões que a LG pagava. Três parceiros desse grupo estão certos, e outros devem ser anunciados em breve. ?Pretendemos anunciar essas ações ainda em janeiro. A partir do dia 15 e até o fim do mês, vamos divulgar os nomes. Temos coisas adiantadas, mas não podemos falar ainda. Estamos na fase de elaboração de contratos?, finalizou Baptista.