Sair do ostracismo. Essa foi a motivação do Guarani para liderar a negociação que levou a Série C do Campeonato Brasileiro de volta à TV. O acordo com a Globosat, detentora do Sportv, foi fechado na última quinta-feira, com a anuência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e envolve todos os oito finalistas do torneio deste ano. Segundo a Máquina do Esporte apurou, o canal desembolsou R$ 250 mil para adquirir os direitos de imagem do octogonal que decidirá os classificados para a segunda divisão em 2009. Cada clube receberá, no total, R$ 31.250 pela transmissão dos jogos. O montante, porém, está longe de ser a peça-chave do contrato. Alijado da grande mídia esportiva desde o rebaixamento, o Guarani quer usar a televisão para renegociar seus contratos de patrocínio para o ano que vem, além de captar parceiros para seu estádio. ?A competição, ao contrário do que muita gente imagina, é cara. Entre viagens e infra-estrutura, vamos gastar cerca de R$ 2 milhões. Por isso, voltar à TV é muito importante para a marca porque vai ajudar a restabelecer nossa relação com os patrocinadores de camisa, além de proporcionar uma exploração maior da nossa publicidade estática dentro do estádio?, afirma Mercival Piron, vice-presidente de marketing do clube de Campinas. Campeão da Série A em 1978 e acostumado ao rateio ?gordo? da elite, o Guarani relega o dinheiro pago pela Globosat ao último plano de suas prioridades. ?O que vale é a exposição. O que a gente ai ganhar em dinheiro é mixaria, não é o que faz valer a pena. O importante é que a mídia dê o devido valor à competição para que a gente possa aproveitar a visibilidade e ganhar em outras frentes?, completa o dirigente. Sem a mesma tradição dos campineiros, o Brasil de Pelotas, que sequer tem recordação de quando teve um jogo transmitido em rede nacional, comemora o aumento na receita e a proporcional exposição do time na reta final da Série C. ?Essa negociação vai colocar o Brasil no cenário nacional e, claro, vai ser muito importante para a captação de recursos para 2009. Vamos gastar cerca de R$ 500 mil para participar do octogonal, mas vamos recuperar parte disso com os novos contratos de mídia estática que serão fechados para os jogos da TV?, diz Hélder Lopes, presidente do clube gaúcho, atualmente patrocinado por Wilson, Habib?s, Sony Multisom e Hotéis Manta. A euforia, no entanto, não é compartilhada por todos os clubes. Segundo a Máquina do Esporte apurou, o Atlético Goianiense vive um racha político devido ao acordo com a Globosat. Enquanto parte dos dirigentes comemora a visibilidade, outro grupo não concorda com o valor do contrato. A reportagem tentou entrar em contato com o vice-presidente Maurício Sampaio na tarde da última segunda-feira, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Na Série C, os clubes foram liberados pela CBF para negociarem individualmente seus contratos com a TV. O Guarani, por exemplo, transmitiu seu jogos no canal do clube na Internet durante as primeiras fases. Classificado para o octogonal, o time de Campinas iniciou as tratativas com a Globosat, que exigiu a participação de todos os finalistas para fechar o acordo.