Quase US$ 500 milhões (R$ 1 bilhão) ?sumiram? das transferências internacionais realizadas pelo futebol brasileiro entre 2001 e 2006. Essa diferença é constatada ao se cruzar as estimativas feitas por especialistas de mercado e os dados fornecidos pelo Banco Central (BC), ambos publicados pela ?Folha de S. Paulo? no último domingo. Segundo a instituição financeira, as transferências de jogadores para o exterior tiveram um valor total de US$ 558 milhões (R$ 1,1 bilhão) nos últimos cinco anos. Os números levantados pelos especialistas apontam para mais de US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões) de receita proveniente da negociação com diversos países. Essa defasagem pode ser constatada também quando são comparados apenas os dados oficiais do ano passado. O BC diz que 343 atletas foram para o exterior, movimentando um total de US$ 131 milhões (R$ 262 milhões). Desse total, 95% são jogadores de futebol. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em seu site oficial, aponta para um número muito superior. Segundo a entidade, 851 atletas deixaram o país em 2006 para jogar no futebol exterior. Em 2005, foram apenas 804. A saída desse contingente de jogadores, muitas vezes de forma precoce, para clubes de todo mundo, acaba provocando ainda um processo de inflação. Em boa parte dos casos, para que um atleta volte ao Brasil, o interessado paga um valor acima do que ele custava antes de ir para o exterior. ?Geramos muita matéria-prima, mas falta competência na hora de fazer produto acabado. É como na soja ou no café: produzimos grãos, outros países os processam e nós importamos de volta, custando muito mais?, afirmou Edgar Jabbour, sócio da consultoria Deloitte, empresa responsável pelo estudo ?Latin American Football League?, à “Folha”.