A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) busca aproveitar o bom momento da modalidade no país, impulsionado pelos bons resultados internacionais de Bia Haddad e João Fonseca. A estratégia busca ampliar o número de praticantes, diversificar a base e tornar o tênis mais acessível em diferentes regiões.
É uma nova oportunidade para a CBT popularizar a modalidade no país, chance desperdiçada durante a Era Guga, quando Gustavo Kuerten colecionou grandes conquistas internacionais entre 1997 e 2001, com um tricampeonato de Roland Garros, e chegou a ser o número 1 do ranking mundial.
“Acho que o tênis brasileiro foi pego de surpresa nesses cinco anos com o Guga em evidência. Não estava preparado para fazer um trabalho de desenvolvimento para aumentar o número de praticantes no país. Essa lacuna realmente aconteceu”, afirma Aristides Barcellos, vice-presidente da CBT, em entrevista à Máquina do Esporte.
Redes sociais
Nos canais digitais, pelo menos, esse trabalho ainda não aconteceu de maneira eficiente. A CBT conta com apenas 105 mil seguidores no Instagram. Bia Haddad tem uma base de 464 mil fãs nessa rede social.
Campeão do ATP de Buenos Aires em 2025 e considerado por muitos um futuro fenômeno do circuito profissional, João Fonseca já soma 1,1 milhão de seguidores na rede social de compartilhamento de fotos e vídeos. Fonseca já conta com patrocínio de empresas como On, XP Investimentos, Yonex e Rolex.
Para se ter ideia da dimensão atingida por Fonseca, Gustavo Kuerten, considerado o maior nome do tênis masculino do Brasil, soma 653 mil fãs no Instagram, pouco mais da metade o total do tenista carioca.

Talentos
Se no digital ainda há muito o que ser feito, a CBT espera não repetir os erros do passado no fomento. A entidade afirma estar investindo em programas de formação e descoberta de talentos.
“Foi lançado, no ano passado, o programa de desenvolvimento do tênis brasileiro, coordenado pelo Luiz Peniza, capitão [do Brasil] na Copa Billie Jean King. Ele montou um programa nacional com treinadores”, conta Barcellos.
Segundo ele, em 2024 foram chamados 20 técnicos de todo o Brasil para trabalhar com o feminino. Neste ano, a CBT estendeu o programa para o masculino.
“Chamamos mais 20 treinadores. Hoje temos 40 treinadores distribuídos pelo Brasil, todo tentando diversificar os treinamentos”, conta ele.
Outra iniciativa da confederação é o programa “Jogue tênis nas escolas”, que visa fomentar a modalidade a partir de crianças em idade escolar.
“É uma iniciação básica para que, dali, os talentos saiam para um clube ou uma academia para que possam tentar uma carreira mais sólida”, aponta.
Torneios
Outra iniciativa da CBT foi estimular o crescimento do competições profissionais de menor pontuação no país como forma de facilitar a transição dos tenistas juvenis para o circuito profissional.
“Estamos tentando aumentar o número de torneios profissionais no Brasil. No ano passado já houve mais de 30 [eventos] entre masculino e feminino, torneios de M15, M25, W25 e W35. São Features e Challengers.”
No mês passado, Cuiabá (MT) sediou dois desses torneios, um M25 (masculino) e outro W35 (feminino). “São torneios com premiação de US$ 25 mil a US$ 35 mil em que os tenistas nacionais conseguem jogar gastando pouco, porque é no Brasil”, conta.
Segundo o dirigente, a CBT segue o modelo da Itália, que recentemente teve Jannik Sinner como número um do mundo (atualmente o italiano ocupa a segunda posição).
“Eles fizeram um trabalho parecido com esse que estamos fazendo hoje: aumentar o número de torneios nesse nível no país. Esses tenistas conquistam pontos e dali partem para torneio maiores”, destaca.
“Na Europa é bem mais fácil porque tem muitos países perto e eles conseguem se deslocar com mais facilidade e menor custo”, acrescenta.

Patrocínio
Para desenvolver seus programas, a confederação conta com apoio de empresas públicas e privadas. A entidade é patrocinada por Banco BRB, Engie Energia, Air Europa, Kallas Mídia, Wilson, Maniacs, PlayPiso, Unicesumar e American English Academy.
“O Banco BRB e a Engie Energia, que entrou há dois anos, são os dois principais apoiadores”, conta Barcellos.
“Já a Air Europa disponibiliza passagem para nossos tenistas jogarem torneios na Europa. Quando necessário, a CBT solicita e temos um número X [de passagens] para distribuir”, completa.
Financiamento
Além dos patrocinadores públicos e privados, a CBT recebe boa fatia de seu orçamento através de diversos programas desenvolvidos em conjunto com o Comitê Olímpico do Brasil (COB).
“Pelo menos 50% da nossa receita vem do COB. É uma receita boa. É um grande parceiro nosso”, afirma o dirigente.
Segundo dados divulgados pelo COB, a CBT receberá neste ano R$ 6.408.217,25 via Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias da Caixa ao esporte olímpico e paralímpico do Brasil. O tênis aparece em 19º lugar entre as 37 confederações beneficiadas pelo comitê brasileiro.