Mesmo sem uma lei que obrigue as empresas americanas a reajustarem a remuneração de seus funcionários na mesma proporção que o crescimento de suas receitas, o UFC briga contra uma decisão judicial que certificou como coletiva uma ação movida por 1.200 lutadores contra a organização.
A ordem do juiz Richard Boulware, datada do dia 10 de agosto, argumenta que o UFC violou a lei antitruste “ao não aumentar a remuneração dos lutadores em uma proporção direta” ao crescimento de suas receitas.
Segundo os autores do processo, o UFC teria abusado da sua posição de líder de mercado na promoção de eventos de MMA para pagar menos aos lutadores. Eles ainda retratam a companhia como um monopsônio, com muito controle sobre o segmento de contratação de serviços de atletas profissionais de MMA.
No entanto, o UFC, que tenta reverter o caso, acredita que a decisão pode abrir precedentes para um grande movimento de processos desse tipo, e não apenas no meio esportivo. De acordo com a organização, esse agrupamento não atende aos elementos necessários para a certificação de classe, segundo a lei federal americana.
O UFC ainda argumenta que a união desses atletas em um único bloco é um erro que atravessa as diferenças individuais estabelecidas nos contratos dos lutadores, já que o nível de remuneração varia de acordo com alguns critérios como frequência e número de lutas vencidas.
Além disso, a organização estima o valor dos supostos danos aos lutadores em US$ 1,6 bilhão, que, sob a lei antitruste, poderia ser automaticamente triplicado para US$ 4,8 bilhões.
Esses números são muito superiores aos US$ 235 milhões de lucro líquido que a Zuffa, proprietária do UFC, relatou durante o período apurado pelo processo, entre 16 de dezembro de 2010 e 30 de junho de 2017. Esse rendimento corresponde a apenas 15% dos US$ 1,6 bilhão estimados e 5% dos US$ 4,8 bilhões que podem ser imputados à organização.