A WNBA tem vivido, nos últimos dias, episódios de lançamento de dildos verdes neon em quadra durante os jogos. Esse tipo de incidente em uma liga feminina e com muitas atletas abertamente integrantes da comunidade LGBTQIAP+ gerou indignação entre jogadoras, treinadoras e dirigentes.
Os casos se repetiram nas últimas duas semanas em pelo menos cinco cidades: Los Angeles, Atlanta, Chicago, Phoenix e Nova York.
Provocação
O episódio mais recente ocorreu na terça-feira (6), durante o jogo entre Los Angeles Sparks e Indiana Fever, na (curiosamente) Crypto.com Arena. Um vibrador foi arremessado na direção de Sophie Cunningham, do time de Indianápolis.
A ala-armadora havia sido justamente uma das vozes que criticaram esse tipo de comportamento dos torcedores e pedido para que parasse de acontecer.
“Todo mundo está tentando garantir que a vitória não seja uma piada e que seja levada a sério. E então isso acontece”, lamentou Sophie, após a partida.
Em comunicado, a WNBA afirmou que “qualquer torcedor que jogue objetos em quadra será banido das partidas e poderá ser preso”. A liga também reforçou que está trabalhando com os responsáveis pelas arenas para reforçar a segurança e prevenir novos ataques do tipo.
Não é engraçado. Não é provocativo. É desrespeitoso. Estamos aqui para competir, não para sermos sexualizadas”
Sophie Cunningham, ala-armadora do Indiana Fever
Marketing de emboscada
Além da misoginia escancarada, os ataques não passavam uma ação de marketing de emboscada de uma nova criptomoeda, chamada justamente de Green Dildo Coin (daí os brinquedos sexuais utilizados sempre serem dessa cor).
O lançamento da chamada “memecoin” ocorreu em 28 de julho, na véspera do primeiro incidente em quadra. Segundo um porta-voz da empresa, ouvido pelo jornal USA Today, o grupo justifica a iniciativa como uma forma de protestar contra o ambiente “tóxico” das criptomoedas.
Eles contam que muitos players menores têm dificuldade de atuar nesse mercado. Por isso, os arremessos de dildos serviriam para chamar a atenção para o novo produto em um setor altamente competitivo.
Segundo o jornal, o porta-voz rejeitou a acusação de misoginia e afirmou que os torcedores foram orientados sempre a atirar os dildos em momentos em que o jogo estivesse paralisado, para não atingir ninguém.
“Não fizemos isso porque não gostamos de esportes femininos ou porque algumas das narrativas que estão em alta agora são ridículas”, afirmou a fonte.
Os dildos continham um QR Code que levava ao site da nova criptomoeda. “Criar disrupção nos jogos acontece em todos os esportes, certo? Já vimos isso na NFL, já vimos no hóquei… Torcedores fazendo coisas aleatórias para, mais ou menos, chamar a atenção”, defendeu-se.
Lucro
Se a intenção era chamar a atenção para o novo produto, os organizadores da ação foram plenamente bem-sucedidos, com ganhos de mídia espontânea. O Green Dildo teve alta de 147% desde a última quarta-feira (6).
Em apenas 24 horas, mais de US$ 1,2 milhão foram movimentados na troca entre a criptomoeda Dildo e o Ethereum (na forma de Weth) na plataforma descentralizada Uniswap.
Prisões
Dois torcedores foram presos por atirarem esses objetos em quadra. Delbert Carver, de 23 anos, foi autuado por conduta desordeira, indecência pública e invasão de propriedade por supostamente ter jogado o brinquedo sexual no jogo entre Atlanta Dream e Phoenix Mercury, na sexta da semana passada (1º).
Já Kaden Lopez, de 18 anos, foi preso em Phoenix sob suspeita de conduta desordeira, agressão e exibição pública de material sexual explícito no jogo entre o Mercury e o Connecticut Sun.
O torcedor afirmou que tomou conhecimento das ações pelas redes sociais, comprou seu próprio dildo verde e resolveu atirá-lo em quadra por iniciativa própria. De fato, o portav-voz do Green Dildo Coin afirmou que nenhum dos dois torcedores autuador em flagrante faz parte da empresa.
A moeda meme, viralizada nas redes sociais, conseguiu replicar essas iniciativas nos jogos da WNBA até entre quem nem sabia as reais intenções de seus criadores.