A vitória do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, na concorrência para sediar as Olimpíadas de 2016, tirou o Brasil de um patamar de segunda classe entre os países mundiais. Essa foi a principal constatação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que usou a escolha da candidatura carioca como argumento para enaltecer a evolução da região. ?Estou muito emocionado porque eu acho que houve um trabalho extraordinário de todos os brasileiros que queriam a Olimpíada no Brasil. As ações combinadas foram sensacionais, e hoje o país conquistou sua cidadania internacional. Quebramos a última coisa que ainda tinha um preconceito com o Brasil. Somos uma das dez maiores economias do mundo, vivemos um momento de pujança e temos o direito de realizar os Jogos Olímpicos?, afirmou Lula. Assim como havia feito no discurso que precedeu a escolha do Rio como sede, o presidente evocou o orgulho da América do Sul. A cidade brasileira será a primeira do continente a sediar uma edição dos Jogos Olímpicos: ?Essa é uma vitória de 190 milhões de almas brasileiras, de todo o povo sul-americano. Prevaleceu a vontade. A alma do nosso povo, o calor, o gingado, o sorriso… tudo isso é imbatível. Finalmente o mundo reconheceu que é a hora do Brasil?. Lula também usou o período colonial do Brasil como justificativa para ter falado tantas vezes sobre o orgulho da organizar as Olimpíadas e o valor disso para a autoestima do povo. ?Temos algumas pessoas no país que nos tratam como segunda classe. É difícil pensar que um país de terceiro mundo possa fazer uma edição dos Jogos. Alguns falam que não podemos fazer porque temos crianças pobres, porque temos de investir na educação e porque temos favelas. Precisamos de investir em tudo isso, mas temos o direito de realizar as Olimpíadas também. O Rio de Janeiro foi capital da colônia portuguesa, e ao longo da história perdeu muita coisa. Por isso, é uma vitória para o povo?, completou. O tom de desabafo do presidente brasileiro quando ele falou sobre a rivalidade com o norte-americano Barack Obama. O presidente também esteve na Dinamarca para acompanhar o andamento da candidatura de Chicago, seu berço político, mas saiu de lá derrotado. ?Eu não ganhei do Obama. O Rio de Janeiro é que ganhou de Chicago, Madri e Tóquio. Fui um dos companheiros que falaram que o Obama precisava vir, que ficaria muito feio ele não estar aqui. Sou amigo dele, assim como do Zapatero [ primeiro-ministro da Espanha]. Só não fiz amizade ainda com o Hatoyama Yukio, do Japão, porque lá você dá bom dia para um primeiro-ministro e boa tarde para outro. Mas essa relação sempre foi muito boa?, explicou o brasileiro. Lula contou que conversou com Obama sobre a participação em Copenhague durante reunião do G-20. O norte-americano pretendia enviar apenas Michelle, sua mulher, por acreditar na capacidade dela para convencer os outros. ?Eu disse pra ele: se você não for eu vou ganhar?, disse o brasileiro nesta sexta-feira, entre risos.