A Austrália é mais uma federação nacional de futebol a divulgar uma mensagem destacando o “sofrimento” sentido pelos trabalhadores das obras de infraestrutura para a Copa do Mundo do Catar 2022. A entidade divulgou um vídeo de pouco mais de três minutos defendendo os operários e criticando restrições impostas à comunidade LGBTQIA+. O texto é lido por um grupo com 16 jogadores da seleção australiana.
“Estamos ao lado da Fifpro [sindicato dos jogadores], da Building and Wood Workers International [sindicato global de trabalhadores da construção civil e da indústria da madeira] e da Confederação Sindical Internacional, buscando incorporar reformas e estabelecer um legado duradouro no Catar”, afirmou o comunicado.
Em seguida, a Federação Australiana mostrou apoio à criação de um fundo indenizatório aos trabalhadores migrantes e suas famílias que tiveram os direitos trabalhistas desrespeitados no Catar, e a abolição de leis restritivas à comunidade LGBTQIA+.
“Isso deve incluir o estabelecimento de um fundo de recursos para migrantes, um remédio eficaz para aqueles que tiveram seus direitos negados e a descriminalização de todas as relações entre pessoas do mesmo sexo. Esses são os direitos básicos que devem ser concedidos a todos e garantirão o progresso contínuo no Catar e um legado que vai muito além do apito final da Copa do Mundo de 2022”
Comunidado da Federação de Futebol da Austrália
Protestos de outras seleções
Os jogadores australianos reconheceram algumas reformas, como a abolição do sistema de kafala, que ligava os trabalhadores a seus empregadores em condições análogas à escravidão. As empresas podiam reter os passaportes dos trabalhadores e impedi-los de deixar o país. No entanto, para os atletas, essa reforma não foi suficiente.
A Austrália não é a primeira federação a se manifestar pelos direitos dos trabalhadores e a favor da liberdade de orientação sexual no país-sede da Copa do Mundo.
A Dinamarca, adversária da Austrália no Grupo D da Copa, também fez um protesto contra os abusos dos direitos humanos e jogará a competição com uma camisa com escudo e logotipo da Hummel, fornecedora de material esportivo, quase imperceptíveis.
Além disso, jogadores de nove países europeus usarão braçadeiras “One Love” para protestar contra as leis do Catar sobre relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Já Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos foram algumas das federações nacionais a se posicionarem a favor da criação de um fundo indenizatório de US$ 440 milhões para os trabalhadores migrantes do Catar e suas famílias. O valor é o mesmo que a Fifa gastará para o pagamento de premiações durante a Copa do Mundo.
Até o momento, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é uma das federações que ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto.